sexta-feira, 4 de junho de 2010

Serra diz que, se eleito, vai desonerar a cesta básica

DEU EM O GLOBO

Para tucano, fortuna paga em impostos não volta em bons serviços

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, contestou anteontem à noite a defesa que o presidente Lula fez da alta carga tributária brasileira para que o Estado seja forte e atenda aos pobres. O tucano disse que a tese seria aceita se a fortuna paga em impostos fosse revertida em serviço público satisfatório. Em entrevista ao “Jornal da Noite”, da Rede Bandeirantes, ele prometeu, se eleito, desonerar itens da cesta básica.

—É normal num país mais desenvolvido que a carga de impostos seja maior porque eles são mais ricos. Mas, no caso dos países em desenvolvimento, o Brasil tem a maior de todos. Agora, qual é a contrapartida? O serviço público no Brasil não é satisfatório — afirmou Serra. — Os R$ 500 bilhões (arrecadados com impostos no país) em cinco meses é uma fortuna que está se pagando e não tem uma contrapartida — prosseguiu.

Serra reagiu à declaração feita por Lula anteontem no encerramento do Seminário de Alto Nível da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), em Brasília.

— É só percorrer o mundo para a gente perceber que exatamente os Estados que têm as melhores políticas sociais são os que têm a carga tributária mais elevada. Vide Estados Unidos, Alemanha, França, Suécia e Dinamarca. E os que têm a carga tributária menor não têm condições de fazer absolutamente nada de política social — defendeu o presidente.


Serra critica critérios de corte no Orçamento Em outra direção, Serra defendeu a redução de tributos no país e citou o Chile como exemplo de eficiência com baixa carga tributária.

— O Chile tem uma carga tributária menor e um serviço público melhor (que o do Brasil).

Ao criticar o sistema tributário brasileiro, Serra fez uma promessa. Se eleito, comprometeuse a desonerar itens da cesta básica.

— Eu acho que tem de começar a mudar essa situação e eu vou mudar através de medidas que simplifiquem e desonerem a cesta básica. Pasta de dente, escova, manteiga, tudo paga.

Até implante de dente. São coisas que você nem pode dizer que arrecadam muito, mas para essa área pesa.

O pré-candidato retomou os ataques à política de gastos do governo Lula e questionou os critérios para o último corte de R$ 7,5 bilhões no orçamento da União.

— Tem também o problema de como o gasto é feito. Por exemplo, agora o governo anunciou cortes de gastos.

Cortar onde? Na saúde, o setor que está em pior situação no país, e na educação — disse.

Serra também repetiu o discurso de uma carga tributária menor para os mais pobre: — O problema não é só o imposto. É quem está pagando.

Aqui quem ganha até três salários mínimos paga o dobro de imposto do que quem ganha acima de 30.

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