A Francisco Brennand
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha).
Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal se resta a vida
com tudo que é insolvente e provisóriio
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o contraditório.
(De Livro Geral, 1969)*
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