sábado, 7 de janeiro de 2012

PT e governo saem em defesa de Bezerra

Objetivo do apoio é preservar aliança histórica com PSB

Evandro Éboli

BRASÍLIA. Depois das denúncias de que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, privilegiou seu estado, Pernambuco, com verbas contra enchentes, o governo e o PT saíram ontem em defesa dele. O gesto de apoio tem endereço certo: preservar a aliança com o PSB, um aliado histórico, e, principalmente, fazer um afago ao governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB). O Palácio do Planalto escalou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, oficilamente de férias, para dizer que tudo que Bezerra fez foi legal. O presidente do PT, Rui Falcão, divulgou nota para dizer que as relações com o PSB nunca foram tão boas.

Miriam Belchior afirmou que Bezerra atuou com correção, mas, segundo ela, o que deveria ser valorizado está sendo questionado e tratado como bairrismo. A ministra afirmou que Bezerra segue orientações da presidente Dilma Rousseff nos casos de catástrofes: primeiro, a prevenção; depois, o atendimento às vítimas; e, terceiro, a busca por soluções definitivas.

- É importante dizer que o que deveria ser valorizado está sendo considerado bairrismo. Não é nada disso. Houve uma tremenda enchente em Pernambuco e Alagoas. Foram 46 mortes, 434 mil afetados, dos quais, 98 mil desalojados - disse Miriam ao GLOBO.

A ministra confirmou versão de Bezerra de que a decisão de criar um complexo de cinco barragens em Pernambuco foi uma iniciativa conjunta com Dilma.

- Foi uma decisão do governo federal com o governo estadual. Foi uma solução técnica. Dilma se comprometeu em bancar metade (do custo) das cinco barragens - disse Miriam, que, em seguida, fez nova defesa de Bezerra. - O Ministério da Integração não cometeu irregularidade. Esse recurso para prevenção era de uma medida provisória. Portanto, um recurso que estava em aberto. É usual esse tipo de procedimento.

O ministério destinou a Pernambuco, em 2011, 22% de sua verba para prevenção. Foi o estado beneficiado pelo maior volume de recursos.

Miriam Belchior disse também que a solução que Pernambuco está buscando é definitiva, para resolver de vez os problemas das chuvas.

Em entrevista em Minas, Bezerra voltou a negar ter privilegiado Pernambuco na destinação de recursos de sua pasta no ano passado e reafirmou estar disposto a ir ao Congresso para dar explicações sobre a aplicação do dinheiro. Segundo ele, a burocracia é um dos fatores que explicam a baixa execução de projetos do ministério e a maior aplicação em Pernambuco.

- Vou detalhar lá (no Congresso) por que foi aplicado mais em Pernambuco e menos em outro Estado. E vou detalhar, porque nós recebemos 1,3 mil projetos. Desses, mais de 700 de macrodrenagem, proteção de morro e reforço de encosta. Não é com a gente, é com o Ministério das Cidades, afirmou o ministro. - Depois que você convenia, empenha, e nós empenhamos R$146 milhões. Para liberar o dinheiro você tem que ter certidão ambiental, título de dominialidade. Senão, não permite a liberação dinheiro.

Em Brasília, o presidente do PT, Rui Falcão, divulgou uma nota ontem afirmando que não há problemas na relação entre os dois partidos.

"O PT esclarece que as relações com o Partido Socialista Brasileiro são as melhores possíveis, e o assunto já foi devidamente esclarecido pelo ministro junto ao governo. Para o PT, o episódio está encerrado e não abala nem um pouco as relações políticas com o seu aliado, o PSB".

FONTE: O GLOBO

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