Cúpula abre mão da vice na chapa de Haddad por aliança com PT na capital, considerada estratégica para as pretensões de Eduardo Campos em 2014
Christiane Samarco
BRASÍLIA - A cúpula do PSB isolou a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), abriu mão de indicar o vice na chapa de Fernando Haddad e aceitou pagar o preço do desgaste do "vale tudo" na aliança com o PP do deputado Paulo Maluf (SP) em nome do projeto de poder do partido na sucessão presidencial. "A aliança está valendo porque a prévia de 2014 é agora e São Paulo é uma questão nacional, que não tem preço", diz o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, empenhado em derrotar José Serra (PSDB) na briga pela prefeitura.
Mais do que o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pesou na intervenção da direção do PSB para manter a parceria com Haddad foi a avaliação de que o enfraquecimento do PSDB em São Paulo, onde os tucanos são mais fortes, será útil em qualquer cenário. Serve ao plano A, de tomar do PMDB o posto de vice na chapa da reeleição da presidente Dilma Rousseff, e também ao plano B, de lançar o presidente do partido e governador Eduardo Campos (PE) candidato ao Palácio do Planalto.
Neste contexto, a aparente divergência de movimentos dos socialistas em São Paulo e no Recife, onde o PSB se distancia do PT para lançar candidato próprio na disputa municipal, retrata na verdade o projeto duplo de poder do partido. O próprio Roberto Amaral admite que a parceria com o PT paulistano é estratégica, mas não implica submissão antecipada ao projeto de reeleição da presidente Dilma.
"O que está decidido é que teremos eleições presidenciais daqui a dois anos e, seja qual for nosso comportamento lá na frente - em aliança com o PT ou com projeto próprio para presidente -, queremos evitar o retorno do neoliberalismo", afirma o vice-presidente nacional do PSB.
Aceno. Setores expressivos do partido defendem a tese de que, com Dilma forte para disputar o segundo mandato, o melhor caminho é manter a aliança com o PT, sobretudo diante da oferta já posta à mesa por Lula: a vaga de vice na reeleição. Um dirigente da legenda revela que Lula já teria avançado nas conversas com Eduardo Campos, acenando não só com a vice em 2014, mas também com o apoio à candidatura presidencial dele em 2018.
Mas outras lideranças do partido entendem que o melhor seria apressar uma candidatura presidencial mesmo com chances reduzidas de sucesso, para que Campos possa se reapresentar com mais chances em 2018.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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