domingo, 21 de outubro de 2012

PPS desafia hegemonia tucano-petista em Vitória


Apoiado pelo governador, Luciano Rezende desponta como favorito e pode interromper série de 24 anos de gestões de PSDB e PT na capital capixaba

Alfredo Junqueira

VITÓRIA - O revezamento de prefeitos do PT e do PSDB nos últimos 24 anos parece ter cansado os eleitores de Vitória. Com de­sempenho surpreendente no 1.° turno, com 39,14% dos vo­tos, e liderando as pesquisas desta etapa, o deputado esta­dual Luciano Rezende (PPS) pode interromper uma série de seis gestões petistas e tucanas na capital capixaba.

Apontado como favorito no iní­cio da campanha, o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) teve 36,69% e não parece saber co­mo deter a onda de popularidade que fez o adversário disparar a par­tir dos últimos dias de setembro. A disputa entre PPS e PSDB faz de Vitória aúnica capital do País sem candidatos de partidos da base aliada do Planalto no 2.° turno. O PT do atual prefeito João Coser e da candidata Iriny Lopes, ex-mi­nistra da Secretaria de Política das Mulheres, teve 18,42% dos vo­tos e ficou de fora do 2° turno.

A disputa atual entre Rezende e Lucas colocou de lados opostos o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), e seu anteces­sor, Paulo Hartung (PMDB). Em­bora tenha afirmado neutralida­de, Casagrande articulou a entra­da do PR e do PP na chapa de Re­zende. Hartung foi às ruas e à TV pedir votos para Lucas. "Estabele­ci uma tese de equilíbrio de poder e ajudei o Luciano (Rezende) a montar uma chapa mais competitiva para equilibrar a disputa", explicou Casagrande, eleito em 2010 com apoio de Hartung.

Marketing. O desempenho da terceira via é sustentado por uma bem-sucedida campanha de marketing que martelou o lema da mudança. O programa de TV de Rezende repete à exaustão o jingle e o "gesto da mudança" - similar ao aceno de jogadores de futebol quando pedem substituição - tomou conta das ruas.

Além da aliança articulada por Casagrande, o candidato do PPS ainda contou com o apoio de lide­ranças evangélicas. O vice na cha­pa do PPS é o radialista Wagner Fumio Ito, o Waguinho (PR), po­pular entre os evangélicos.

Apesar de se apresentar como candidato da mudança, Rezen­de se projetou na política local após ser secretário municipal nas gestões de Lucas, entre 1997 e 2004. Ele ainda foi secretário de Estado de Esporte no governo Hartung e por quatro vezes ve­reador. "Eu respeito todas as po­sições políticas. Isso é parte da democracia. A partir do momen­to em que nós definimos nosso leque de aliados, focamos no ci­dadã", limitou-se a responder Re­zende ao ser questionado sobre suas alianças e anterior colabora­ção com atuais adversários.

Mais do que a surpresa de ter sido superado no 1.° turno, quan­do as pesquisas indicavam sua vi­tória, Lucas está enfrentando campanha difamatória. Nela, o ex-prefeito, ex-deputado e um dos principais quadros do PSDB nacional é classificado como usuário de drogas e alcoólatra. Ele vem dedicando boa parte de seu tempo de TV a rebater as acu­sações e atribui a Magno Malta, senador do PR, a origem dos boa­tos. O senador do PR nega e diz que vai processar o tucano.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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