Apoiado pelo governador, Luciano Rezende desponta como favorito e pode
interromper série de 24 anos de gestões de PSDB e PT na capital capixaba
Alfredo Junqueira
VITÓRIA - O revezamento de prefeitos do PT e do PSDB nos últimos 24 anos
parece ter cansado os eleitores de Vitória. Com desempenho surpreendente no
1.° turno, com 39,14% dos votos, e liderando as pesquisas desta etapa, o
deputado estadual Luciano Rezende (PPS) pode interromper uma série de seis
gestões petistas e tucanas na capital capixaba.
Apontado como favorito no início da campanha, o ex-prefeito Luiz Paulo
Vellozo Lucas (PSDB) teve 36,69% e não parece saber como deter a onda de
popularidade que fez o adversário disparar a partir dos últimos dias de
setembro. A disputa entre PPS e PSDB faz de Vitória aúnica capital do País sem
candidatos de partidos da base aliada do Planalto no 2.° turno. O PT do atual
prefeito João Coser e da candidata Iriny Lopes, ex-ministra da Secretaria de
Política das Mulheres, teve 18,42% dos votos e ficou de fora do 2° turno.
A disputa atual entre Rezende e Lucas colocou de lados opostos o governador
do Estado, Renato Casagrande (PSB), e seu antecessor, Paulo Hartung (PMDB). Embora
tenha afirmado neutralidade, Casagrande articulou a entrada do PR e do PP na
chapa de Rezende. Hartung foi às ruas e à TV pedir votos para Lucas.
"Estabeleci uma tese de equilíbrio de poder e ajudei o Luciano (Rezende)
a montar uma chapa mais competitiva para equilibrar a disputa", explicou
Casagrande, eleito em 2010 com apoio de Hartung.
Marketing. O desempenho da terceira via é sustentado por uma bem-sucedida
campanha de marketing que martelou o lema da mudança. O programa de TV de
Rezende repete à exaustão o jingle e o "gesto da mudança" - similar
ao aceno de jogadores de futebol quando pedem substituição - tomou conta das
ruas.
Além da aliança articulada por Casagrande, o candidato do PPS ainda contou
com o apoio de lideranças evangélicas. O vice na chapa do PPS é o radialista
Wagner Fumio Ito, o Waguinho (PR), popular entre os evangélicos.
Apesar de se apresentar como candidato da mudança, Rezende se projetou na
política local após ser secretário municipal nas gestões de Lucas, entre 1997 e
2004. Ele ainda foi secretário de Estado de Esporte no governo Hartung e por
quatro vezes vereador. "Eu respeito todas as posições políticas. Isso é
parte da democracia. A partir do momento em que nós definimos nosso leque de
aliados, focamos no cidadã", limitou-se a responder Rezende ao ser
questionado sobre suas alianças e anterior colaboração com atuais adversários.
Mais do que a surpresa de ter sido superado no 1.° turno, quando as
pesquisas indicavam sua vitória, Lucas está enfrentando campanha difamatória.
Nela, o ex-prefeito, ex-deputado e um dos principais quadros do PSDB nacional é
classificado como usuário de drogas e alcoólatra. Ele vem dedicando boa parte
de seu tempo de TV a rebater as acusações e atribui a Magno Malta, senador do
PR, a origem dos boatos. O senador do PR nega e diz que vai processar o
tucano.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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