Ex-presidente, porém, ressalta acreditar em senador tucano e diz que governador precisa "se encorpar" para haver 2º turno
Gabriel Manzano
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "não será nenhuma tragédia" se, nas eleições presidenciais do ano que vem, o PSB tomar o lugar do PSDB na disputa de um eventual segundo turno com a presidente Dilma Rousseff, hoje a grande favorita da disputa. "Não acredito nessa possibilidade, mas se ela ocorrer não será nenhuma tragédia", afirmou FHC. "O que eu acho é que temos de ter alternância no poder. O PT está há muito tempo no poder".
Mas FHC advertiu que o governador Eduardo Campos, provável nome do PSB em 2014, "tem que se encorpar", porque "se ele não encorpar, não teremos segundo turno". A avaliação foi feita em entrevista ao blog do jomalista Kennedy Alencar.
Mas o ex-presidente deixou claro, na conversa, que não acredita nessa possibilidade - a de o provável candidato tucano, Aécio Neves, vir a ser superado nas urnas pelo governador pernambucano. Segundo ele, Aécio "tem mais condições, porque a organização do PSDB é maior". Ele mencionou, então, os Estados de São Paulo, Minas, Paraná, que têm um grande eleitorado, e o Pará. "O Aécio tem um enorme apoio em Minas, enquanto o Eduardo só tem Pernambuco", completou. No cenário eleitoral por ele traçado, o apoio da ex-senadora Marina Silva "Vai ajudar, e é bom que ajude mesmo" a fortalecer a candidatura de Campos. Mas o ex-presidente preferia mesmo, segundo observou, que houvesse quatro candidatos fortes na disputa - ou seja, que Marina tivesse conseguido registrar a sua Rede Sustentabilidade. "Tinha que ter quatro candidatos. Agora é mais complicado".
Renovação. FHC justificou sua decisão de apoiar o nome de Aécio - e não o do ex-governador José Serra - pela necessidade de renovação. "Há um momento em que precisa renovar. O Serra é um quadro muito capaz, votei nele a vida inteira, mas é o momento de Aécio”. Recorreu ao exemplo de seu sucessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que depois de lançar Dilma à presidência indicou Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo e agora recorre ao ministro Alexandre Padilha para disputar o governo paulista. "Hoje há uma fadiga de material, um certo cansaço. O Lula percebeu isso, tentou colocar candidatos novos".
Candidatura. Mas Fernando Henrique não defendeu como indispensável o lançamento antecipado da candidatura - uma questão que veio à tona, dentro do PSDB, depois de Serra ter defendido a ideia de se aguardar até março de 2014 para a definição do nome tucano.
Na verdade, já estamos em disputa", definiu o ex-presidente. "Dilma já tem uma agenda de candidato. No cargo, tem uma enorme vantagem e temos que contrabalançar isso, o mais cedo possível". Ele não considera indispensável "lançar necessariamente a candidatura", mas "atuar como candidato". Não há "necessidade de lançamento formal", completou. Provocado a definir qual é a marca do governo Dilma, falou em "produtivismo, uma volta ao governo (Ernesto) Geisel: produzir, crescer. Mas não está crescendo. Então a marca é da frustração."
Tapando buraco
FHC também descartou a acusação de que haja uma campanha da oposição, do mercado e da mídia a respeito da situação fiscal do País. Para ele, a situação não está "fora do controle", mas há "sinais graves de que (o governo) está perdendo a higidez fiscal". "Não há uma coisa caótica", avisou, "mas dá a impressão de que o governo está tapando buraco". FHC queixou-se, também, da "falta de generosidade" do ex-presidente Lula, que, segundo ele, nao reconhece ações positivas de seu governo. "Falta um pouquinho de generosidade e reconhecer as coisas. Eu reconheço o que ele fez de bom, mas o Lula não consegue".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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