• Ligados ao PCdoB, atuais gestores da Ancine terão mandatos encerrados nos próximos meses
Eduardo Bresciani | O Globo
-BRASÍLIA- O governo federal prepara para os próximos meses mudanças na Agência Nacional de Cinema (Ancine), numa tentativa de derrubar um dos últimos bunkers que ainda restam da gestão Dilma Rousseff. A agência é comandada há mais de dez anos pelo PCdoB, mas como os mandatos de dois diretores, incluindo o presidente, vencem até maio, o governo Temer passará finalmente a ter o controle das políticas públicas para a área de audiovisual.
O atual presidente, Manoel Rangel, é do comando central do PCdoB e fez pronunciamentos públicos durante o processo de impeachment, contra o que qualificava como “golpe”, participando inclusive de eventos públicos. O mandato dele vence em maio. Rosana Alcântara, que deixará a função em fevereiro, também é ligada ao mesmo partido.
Em uma tentativa de manter o controle da agência, o PCdoB chegou a pedir apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), para que Rosana continuasse no cargo, como revelou o colunista Ancelmo Góis. O lobby não deu resultado e as trocas ocorrerão. A Ancine tem quatro diretores e como indicará o novo presidente, a gestão Temer passará a ter o direito ao voto de minerva em casos de empate.
O ministro da Cultura, Roberto Freire, responsável por escolher os novos dirigentes, adota um tom polido e evita falar em mudança radical.
— É necessária a renovação. Não é necessariamente uma mudança de rumo. Tem algumas correções a serem feitas, uma necessidade de renovar os atores da condução da política da Ancine. É um pouco do que estamos fazendo no ministério, sem nenhuma grande ruptura — disse.
Freire afirma que não há problema com a gestão atual e que o tamanho da mudança dependerá dos novos diretores. O ministro já tem conversado com candidatos aos cargos, mas não quis adiantar os nomes. A ideia é buscar pessoas que tenham destaque no setor.
— O perfil que procuramos é de quem seja versado na área. Não temos nenhum interesse em criar descontinuidades ou afrontar a política que vem sendo adotada. Vamos fazer correções. Depois de um longo processo de determinada gestão, sempre se torna necessário fazer esse tipo de processo. Ainda estamos lidando com a gestão atual, sem maior problema. Eles continuam trabalhando sem mudança de tratamento por parte do ministério — afirmou o ministro.
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