quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Ruy Castro - Entrevistador faz cara de pôquer

Folha de S. Paulo

Quando o entrevistado percebe, foi levado pelo nariz pelo entrevistador

Entrevistador não faz cara irônica nem compungida. Entrevistador faz cara neutra, de pôquer. Suas perguntas serão diretas, exigindo respostas diretas. Entrevistador tem de saber escutar, ficar atento à resposta e, ao ver que o entrevistado está enrolando, interrompê-lo com firmeza, dizendo que ele não respondeu à pergunta. Entrevistador só muda de assunto quando se satisfaz com a resposta.

Entrevistador não diz que vai mudar de assunto quando muda de assunto. As perguntas, previamente preparadas, têm de se seguir umas às outras com naturalidade. Quando o entrevistado percebe, foi levado pelo nariz pelo entrevistador. Ao preparar cada pergunta, entrevistador já terá previsto possíveis respostas e formulado as perguntas seguintes de acordo. Políticos têm repertório limitado, donde pode-se prever como ele reagirá a esta ou àquela pergunta.

Entrevistador só faz uma pergunta de cada vez. Uma pergunta que se desdobra em várias ou tenha outras embutidas se torna um cacho de perguntas, o que facilita a vida do entrevistado. Além disso, permitirá a ele só responder a última pergunta ou a que lhe for mais conveniente. As perguntas devem ser curtas, objetivas e terminar com ponto de interrogação. Perguntas longas, repetitivas e muito explicadas geram respostas vagas, subjetivas ou falsas, porque dão tempo ao entrevistado para pensar.

Quanto mais curta e rápida a pergunta, mais sem defesa virá a resposta. E, quanto ao ponto de interrogação, não estou brincando. Alguns entrevistadores, em vez de fazer uma pergunta, elaboram uma formulação e, de repente, param e ficam à espera de que o entrevistado a prossiga. Os entrevistados mais espertos fingem escutar e ficam calados, à espera do dito ponto de interrogação.

Quando o entrevistado mente descaradamente, entrevistador olha no olho da câmera e desmoraliza o entrevistado com a informação verdadeira.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Isso seria o ideal de uma entrevista, mas não foi que nós vimos, o que
observamos foi que os entrevistadores falaram mais do que o entrevistado, o interromperam o tempo todo, e ao invés de perguntas faziam narrativas acusatórias ao entrevistado
Percebia se claramente o ódio dos dois entrevistadores ao presidente Bolsonaro, isso fez com que ele no final saísse muito bem
A Globo saiu mais uma vez perdendo, não é à toa que o povo já chama de Globo lixo

Fernando Carvalho disse...

Eu teria uma pergunta ao boçal. Porque o coronel torturador foi contemplado com uma pensão de marechal (pouco mais de 30 mil reais)Pensão vitalícia transmissível aos filhos. Um torturador que matou umas 40 pessoas. E o pobre do Cabo Anselmo que ajudou os ditadores de 64 a matar centenas de militantes da esquerda armada não recebeu nada dos governos militares?

Anônimo disse...

Ódio é o que é despertado em grande parte dos brasileiros que resistem às mentiras e provocações do genocida que comanda o país e quer ficar mais 4 anos na marra. Pra continuar deixando o Centrão mandar e ser apenas a Tchutchuca dele! O canalha se acha machão e se presta ao papel de Tchutchuca... Que fim de carreira dum mau militar! E ainda arrastou milhares de fardados pra sarjeta e esgoto onde ele se criou como deputado do baixo clero e CAPITÃO DAS RACHADINHAS!

ADEMAR AMANCIO disse...

Jornalista precisa saber perguntar sem constranger e humilhar o entrevistado.