sábado, 10 de outubro de 2009

Presidente classifica ação do MST de vandalismo

Maria Lima e Luiza Damé
DEU EM O GLOBO


Lula lembra que o país tem Constituição e leis a serem cumpridas e diz que destruição na fazenda não tem justificativa

BRASÍLIA.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou ontem a ação do Movimento dos Sem Terra (MST), que derrubou milhares de pés carregados de laranjas na fazenda do grupo Cutrale no interior de São Paulo. Para Lula, o MST cometeu um ato de vandalismo e não uma manifestação: — Todo mundo sabe que sou defensor das lutas sociais deste país, das lutas para que o povo se manifeste. Entre uma manifestação reivindicando alguma coisa e aquela cena de vandalismo, obviamente que eu não posso concordar com aquilo. Não tem explicação para a sociedade você derrubar tantos pés de laranja para mostrar que está reivindicando. Pode demonstrar sem fazer destruição.

Lula ressaltou que o país tem Constituição e leis que devem ser cumpridas: — Se estiver dentro da lei, pode fazer qualquer coisa. Se não estiver, vai pagar o preço por fazer.

A polícia em Borebi, cidade no interior paulista onde fica a fazenda parcialmente destruída pelo MST, ouviu ontem integrantes do movimento e funcionários da Cutrale, empresa responsável pela área. Um dia depois de anunciar que deve pedir a prisão temporária de pelo menos sete sem-terra, os policiais estiveram em acampamentos na região para tentar identificar de onde teria partido a ordem para danificar a propriedade.

Ao desocupar a área, as mais de 300 famílias se juntaram a outros integrantes do MST assentados em duas fazendas, nas cidades de Iaras e Agudos. Os semterra são acusados de destruir ao menos 28 tratores, pichar caminhões e paredes, arrombar armários e roubar móveis.

O delegado de Borebi, Jader Biazon, conversou ontem com líderes sem-terra. Ele deverá indiciar parte do grupo pelos crimes de invasão de propriedade, formação de bando ou quadrilha, furto e danos ao patrimônio.

A fazenda Santo Henrique tem 2,7 mil hectares e há anos é alvo de disputa jurídica entre a Cutrale e o Incra, que argumenta se tratar de área da União. Ao conceder quarta-feira reintegração de posse à empresa, o juiz Márcio dos Santos, da 2° Vara de Lençóis Paulista, informou que sua decisão se referia apenas ao pedido para que o MST deixasse a área. A discussão sobre a propriedade da fazenda está na esfera federal.

A direção nacional do MST tem evitado comentar a denúncia de depredação. Por meio da assessoria de imprensa, informa que a polícia e os funcionários da Cutrale teriam armado a versão de que o MST é responsável pelo quebra-quebra. O movimento nega as acusações de depredação e furtos na fazenda.

Em nota divulgada ontem, afirmou que, quando as famílias da ocupação saíram das terras, não havia sinais de depredação.

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