Em Santos, Eduardo manda recado ao PT
SÃO PAULO - O governador de Pernambuco e virtual candidato do PSB à Presidência da República em 2014, Eduardo Campos, pediu ontem paciência para que seu partido decida, a seu tempo, se haverá ou não candidatura própria nas eleições do ano que vem. Em um recado ao PT, Campos disse que seu partido, o qual preside, não precisa da licença de outra sigla para lançar candidato. "Nunca fomos e nem vamos ser sublegenda de absolutamente ninguém", avisou. "Não precisamos pedir licença a outra agremiação partidária, seja ela qual for, para tomar uma decisão", emendou o governador, após participar do 57º Congresso Estadual de Municípios, realizado em Santos.Recebido como candidato por militantes do PSB paulista, Eduardo Campos disse que a recepção faz parte do "ambiente natural do partido" e que as faixas que o definiam como "futuro presidente" fazem parte do "livre pensar das agremiações". Acompanhado de correligionários que gritavam "Brasil para frente, Eduardo presidente" e "Um novo caminho para um novo Brasil", Eduardo discursou por mais de 30 minutos e, além de defender "um tempo novo" e "uma reflexão em uma nova perspectiva para a economia brasileira", pregou: "Precisamos pensar em uma nova agenda".
Campos chegou ao 57º Congresso Estadual de Municípios depois das 15 horas, acompanhado por militantes que empunhavam bandeiras e faixas que defendiam a sua candidatura. Em meio ao tumulto, o governador tirou fotos, cumprimentou presentes e comeu mortadela em um dos estandes. "Um novo nome que surge com força num novo Brasil: Eduardo Campos", disse o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizetti (PSB), ao apresentá-lo aos prefeitos.
Em seu discurso, Eduardo falou da crise europeia e mencionou a recuperação da economia norte-americana, que já começa a superar o próprio desempenho da brasileira. "Não podemos ficar no Brasil sem olhar isso", observou. O socialista disse que é preciso olhar os desafios do crescimento econômico e da pauta estratégica brasileira para promover a competitividade sem acabar com as conquistas dos trabalhadores. "Está na hora de termos consciência de que o Brasil melhorou muito, mas dentro deste País ainda tem mais ganho, mais direito (a ser oferecido à população)", disse.
Aos jornalistas, Eduardo reafirmou o discurso oficial de que só discutirá eleição em 2014 e que até lá quer trabalhar pelo País e ter a "consciência tranquila de que fez sua parte". Ao tergiversar sobre sua eventual candidatura, o socialista disse que deixar a decisão para 2014 não se trata de um gesto "de sabedoria política". "Não somos dados a isso, nunca fizemos esse tipo de coisa. Quando vamos para a disputa, não temos problema nenhum", afirmou.
Palanque em São Paulo
PSB articula um palanque em São Paulo para o caso de Eduardo ser candidato
Embora não tenha assumido a candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência da República, o PSB se movimenta nos bastidores para montar um palanque em São Paulo para o presidenciável. Ontem, após encontro de Eduardo com prefeitos do Estado, realizado em Santos, o presidente do PSB paulista, deputado federal Márcio França, admitiu que a sigla deve discutir com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) um palanque duplo (para Aécio e para Eduardo), caso não consiga viabilizar uma candidatura própria. A mais cotada para a missão de se lançar candidata ao governo paulista em favor de Eduardo seria, em sua opinião, a deputada federal Luíza Erundina."Ele (Eduardo) sendo candidato a presidente, terá de ter um palanque em São Paulo. Ou o governador Alckmin abre esse palanque ou vamos ter candidato próprio", afirmou França. Ao saber que Eduardo estaria no Estado palestrando no 57º Congresso Estadual de Municípios, o governador tucano o convidou para um jantar na capital paulista, mas ele recusou por já ter um convite para jantar com parlamentares paulistas em Santos.
Outra possibilidade de palanque paulista para Eduardo, considerada pelos socialistas, é a candidatura do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). França lembrou o apoio do PSB na formação da legenda de Kassab.
"Nós o ajudamos bastante. A gente espera que ele tenha essa consideração", disse o cacique do PSB, assumindo que sabe da dificuldade em convencer o PSD, uma vez que existe uma aproximação do partido de Kassab com o PT da presidente Dilma Rousseff.
Eduardo ataca a desoneração de impostos
Durante reunião do Confaz, governador afirma que a redução nos impostos não surtiu os mesmos efeitos do passado
O governador Eduardo Campos (PSB) voltou a se utilizar do mote econômico para criticar o governo federal. Ao participar da reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), em Ipojuca, o socialista afirmou que a política de desoneração de impostos, implantada pela presidente Dilma Rousseff (PT), não surtiu os mesmos efeitos que no passado. "Desoneração de IPI não começou a existir neste governo. O que difere é que, na primeira, houve retomada do crescimento. Crescemos 7,5% em 2010. Perdeu de um lado, ganhou do outro. Desta vez não houve o crescimento. Estamos tentando ministrar novas medidas que possam ajudar a economia", afirmou, na frente do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e de secretários de outros Estados.
Após a ressalva, o governador disse que "ninguém pode jogar pedra em ninguém", já que governos anteriores recorreram à mesma medida para tentar alavancar o crescimento. "Desta vez, não houve crescimento e as pessoas sentiram o efeito dela de forma mais perversa", completou. Eduardo se referiu à queda nos repasses dos Fundo de Participação de Estados e Municípios decorrente da política de isenção de IPI em alguns setores, como a indústria automobilística.
A realização de uma reforma tributária e a revisão do atual modelo de pacto federativo também foram colocadas como demandas "urgentes" pelo governador. Preocupado em nacionalizar seu discurso, ele ressaltou, no entanto, que a adoção de uma nova política fiscal deve ser voltada a corrigir a desigualdade regional que vitima não só o Nordeste, mas também outras áreas do País. "Precisamos construir aqui uma política fiscal que não olhe só para o Nordeste, mas para todas as regiões", disse.
Enquete no PPS
Virtual candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo foi incluído numa enquete que o PPS fará para começar a definir o seu rumo em 2014. O partido abriu uma consulta virtual para escolher quem vai apoiar na disputa de 2014 e a lista conta com mais quatro nomes além do de Eduardo: Aécio Neves (PSDB), Fernando Gabeira (PV), José Serra (PSDB) e Marina Silva, que ainda tenta formalizar a sua nova sigla, a Rede Sustentabilidade. A consulta ainda inclui uma opção de candidatura própria do PPS, mas sem indicar um nome. Segundo o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), a sondagem visa estimular o debate dentro do partido sobre os rumos que a legenda deve tomar na próxima eleição presidencial.
* Com agências
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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