Vós os vereis surgir da aurora mansa 
Firmes na marcha e uníssonos no brado 
Os heróicos demônios da vingança 
Que vos perseguem desde Stalingrado. 
As mãos queimadas do fuzil candente 
As vestes podres de granizo e lama 
Vós os vereis surgir subitamente 
Aos heróicos prosélitos do Drama.
De início mancha tateante e informe 
Crescendo às sombras da manhã exangue 
Logo o vereis se erguer, o Russo enorme 
Sob um sol rubro como um punho em sangue. 
E ao seu avanço há de ruir a Porta 
De Brandemburgo, e hão de calar os cães 
E então hás de escutar, Cidade Morta 
O silêncio das vozes alemãs.
Rio de Janeiro, 1945.
Poemas esparsos. Companhia de Letra, 2008

 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário