Lula retoma comando de alianças do PT ao lado de mensaleiros como Dirceu
João Paulo Cunha também participa de reunião com prefeitos aliados
Tatiana Farah
OSASCO (SP). Enquanto o PT prepara a volta do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou ontem sua vida partidária ao lado dos principais nomes envolvidos no escândalo do mensalão. Lula participou de uma reunião com dezenas de prefeitos, vices e parlamentares paulistas, ao lado do deputado João Paulo Cunha, um dos acusados no mensalão, e do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, processado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa e formação de quadrilha. A reunião, realizada num hotel em Osasco, na Grande São Paulo, foi organizada pelo PT paulista para dar início à campanha da sucessão municipal, no próximo ano.
Lula defendeu que as candidaturas busquem ampliar ao máximo as alianças com outros partidos, encontrando "um Alencar" em cada município, nua referência ao ex-vice-presidente José Alencar, que morreu no mês passado. Já José Dirceu falou das "turbulências internacionais". Ele destacou que o governo brasileiro pode atravessar problemas, mas que estaria em posição melhor do que outros países desenvolvidos.
João Paulo Cunha participou da mesa de abertura do encontro ao lado de Lula, como representante dos deputados federais e como ex-prefeito de Osasco. Dirceu assistiu à exposição do ex-presidente na primeira fila.
Lula recomendou aos petistas que busquem uma ampla política de alianças. Depois da saída do ex-presidente, Dirceu foi a estrela da segunda mesa de debates, quando falou da crise internacional, citando a Inglaterra, e afirmando que os Estados Unidos estão "escondendo" sua inflação. O evento foi fechado à imprensa, e os jornalistas foram levados para o solário do hotel, com música alta para não ouvirem as conversa das lideranças petistas. Apesar do tom de sigilo, a reunião contou com mais de 30 prefeitos, dezenas de vices e mais de 20 deputados, além do senador Eduardo Suplicy e do ex-ministro Luiz Dulci.
Segundo o presidente em exercício do PT, deputado Rui Falcão, uma boa parte do encontro foi dedicada à sucessão municipal de São Paulo. Os petistas consideram a hipótese de que o principal adversário seja o ex-governador tucano e candidato derrotado à Presidência José Serra, numa eventual aliança entre o PSDB e o PSD, novo partido do prefeito Gilberto Kassab.
Falcão disse que o PT não esperará a decisão do ex-governador sobre disputar a prefeitura:
- Até porque ele decide na última hora, como fez com a Presidência em 2010.
O presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva, afirmou que outra estratégia das eleições será disputar com o PSDB o apoio da nova classe média, que já é cobiçada pelos tucanos, conforme defendeu em polêmico artigo o ex-presidente Fernando Henrique na semana passada.
FONTE: O GLOBO
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