Ricardo Galhardo
Em uma resolução política aprovada ontem pela direção nacional do partido, o PT reforçou o discurso da presidente Dilma Rousseff e classificou como "terrorismo psicológico" as críticas à política econômica do governo. Para a legenda, os adversários tentam manipular dados econômicos e "chegam a torcer contra a realização da Copa do Mundo" para tirar proveito eleitoral.
Além de fazer eco a Dilma, que falou em "guerra psicológica" em sua mensagem de fim de ano, o PT recorreu ao célebre discurso da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em 2002, disse que "a esperança venceu o medo". A resolução divulgada ontem afirma que "mais uma vez, (os adversários) apostam no medo para vencer a esperança".
O texto coloca o desempenho econômico e as manifestações de rua no centro do debate eleitoral. O partido elege como prioridade "vencer a batalha de visão" sobre a economia. A estratégia se divide em duas partes. A primeira é desqualificar a tese vigente de que a condução da economia nos governos de Lula e Dilma é uma continuidade da política implementada por Fernando Henrique Cardoso. A segunda é tentar convencer o eleitorado de que, apesar do fraco desempenho do governo em índices econômicos como o crescimento do PIB, a "economia real" vai bem, com a manutenção dos níveis de emprego e renda.
Segundo petistas, a versão inicial do texto defendia a flexibilização da política de superávit fiscal, mas o trecho foi suprimido sob o argumento de que serviria de munição aos adversários.
Outra prioridade, de acordo com a resolução aprovada ontem, é fazer a comparação entre os feitos dos governos petistas e a era FHC. O objetivo é dialogar com o jovem que foi às ruas em junho e é novo demais para lembrar do Brasil pré-Lula.
Além de mencionar os opositores que "torcem contra a Copa", o PT defende a ampliação do diálogo com os jovens que participaram dos protestos em 2013. O texto reitera as conquistas obtidas sob Lula e Dilma, mas registra a necessidade de avanços. "Mais do que nunca temos que apresentar propostas, projetos e compromissos."
Segundo o presidente do partido, Rui Falcão, o PT está atento às reivindicações desses jovens, embora admita a dificuldade para lidar com as aspirações "intangíveis" dos que, por exemplo, participaram dos "rolezinhos". "As reivindicações dos jovens, os rolês, têm muitas questões de ordem cultural que não são necessariamente mensuráveis em mais emprego e mais salário", disse Falcão.
O presidente do PT criticou a ação da Polícia Militar na repressão aos protestos contra a Copa ocorridos sábado, em São Paulo, quando um manifestante foi baleado pela PM. "Você atirar em um manifestante, ainda que ele estivesse com um estilete, não parece a forma mais apropriada de reação. Essas reações descontroladas da polícia, elas sim podem causar problemas."
Palanques. Questionado sobre a possibilidade de Dilma ser apoiada por mais de um candidato em vários Estados, Falcão defendeu que os candidatos do PT dividam o palanque com aliados. "Não é a presidenta que vai criar palanque nos Estados. Em qualquer evento da presidenta, os aliados devem estar no palanque dela." No entanto, ele disse que a tendência é que Dilma participe de poucos comícios em 2014.
A direção petista orientou diretórios municipais a aproveitar o dia 10 de fevereiro para transformar o aniversário de 34 anos da sigla em atos, jantares e bandeiraços, para marcar o início da campanha pela reeleição de Dilma.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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