Ao lado de Marina Silva, pré-candidato do PSB à Presidência lança diretrizes de governo e afirma que 'o país parou'
Secretário-geral do PSB diz que a ex-senadora será candidata a vice-presidente na chapa; Marina desconversa
Ranier Bragon, Bernardo Mello Franco
BRASÍLIA - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, fez ontem seu mais duro ataque ao governo Dilma Rousseff ao lançar, ao lado de Marina Silva, as diretrizes de seu programa de governo.
Em discurso para um plenário lotado de correligionários, ele afirmou que o país "parou" e está sendo comandado por um "pacto mofado", baseado no patrimonialismo e no loteamento de cargos.
Possível vice na chapa, Marina atacou a reforma ministerial de Dilma dizendo, sem citar o nome da petista, que ela herdou e comanda hoje o "entulho da velha política".
"As pessoas estão vendo que o país parou. Que o país saiu do trilho em que vinha", disse Campos, para quem o PT já estaria "desesperado" com a possível derrota: "A sociedade brasileira não tolera mais este velho pacto político que mofou. Não há, neste país, ninguém que ache que mais quatro anos do que está aí vá fazer bem ao povo brasileiro. Nem eles mesmos".
Tanto Campos quanto Marina são dissidentes do governo petista --a ex-senadora saiu em 2008; o PSB de Campos, em setembro de 2013.
Ontem ele disse que não se envergonha de ter apoiado a eleição de Dilma e que saiu "pela porta da frente". Tanto ele como Marina evitaram críticas ao ex-presidente Lula.
"Não podemos botar cabresto na democracia. Querer enquadrar o debate político distribuindo cargos ou pensando que todos se põem de joelhos diante do poder."
Em 2010, Campos se reelegeu governador de Pernambuco numa aliança de 15 partidos. Parte deles ganhou cargos em seu secretariado.
O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, apresentou Marina como vice da chapa. A ex-senadora desconversou, mas pela primeira vez desde que anunciou a adesão ao projeto de Campos, em outubro, foi direta ao dizer que o candidato é o governador, saudando-o como "futuro presidente do Brasil".
Mais cedo, ela disse que "vice quem define é o candidato, e o candidato é ele". A declaração animou políticos próximos a Campos que temiam pressão para inverter a chapa e lançar Marina, mais bem colocada nas pesquisas.
Ao citar o "entulho da política", Marina se referia à tendência dos políticos de privilegiar a busca de aliados para aumentar o tempo na propaganda eleitoral na TV.
Nos bastidores, porém, o PSB busca o apoio do PV e do PDT para tentar elevar a exposição de Campos na TV, hoje a mais baixa entre os três principais pré-candidatos a presidente. Ontem o PPS anunciou oficialmente o apoio à chapa do governador.
As diretrizes de Campos foram apresentadas em um documento em que é dito que o atual modelo político e de desenvolvimento econômico e social está "esgotado".
Embora a política econômica do governo Dilma esteja sob crescente questionamento no mercado, o documento da aliança é omisso quanto às contas públicas, à inflação e ao deficit do país nas transações externas.
O texto defende uma "vigorosa" política de incentivo à indústria, sem detalhar suas diferenças em relação à atual. Há ainda pregação de melhoria da infraestrutura, mais inovação, menos desigualdades sociais e outros clichês dos programas de governo.
Fonte: Folha Online
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