Para Campos, petistas ‘se agarram’ a cargos e já se desesperam com a possibilidade de perder poder
Maria Lima, Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA - No discurso formal do ato de lançamento das diretrizes do programa de governo da aliança PSB-Rede, o presidenciável Eduardo Campos inaugurou o estilo que pretende levar para a campanha eleitoral, rompendo de vez sua relação com o governo do PT. Na sua fala mais dura feita como pré-candidato, Campos fez críticas pesadas à gestão da presidente Dilma Rousseff e aos petistas que, segundo ele, temem perder o poder e os cargos.
Disse estar preparado para os ataques que virão e que não vai temer o debate, mesmo com o nível dos ataques já muito baixo contra a candidatura dele:
- Não tememos o debate, nem (tememos) enfrentar o desespero dos que já se batem e se agarram a cargos. (não tememos o debate) com os que não pensam na nação, e já se desesperam com a possibilidade de perder poder e os cargos.
Direcionando críticas para os discursos da presidente Dilma Rousseff, nos quais ela alega as dificuldades da economia mundial, o ex-aliado do PT afirmou:
- Não podemos ficar tapando o sol com a peneira, de que os problemas estão lá fora. Muitos dos problemas estão aqui dentro e precisam de liderança. De alguém que tem a sinergia e consiga resolver os problemas não com conversas e promessas (discursos).
Sobre as políticas sociais, que afirmou considerar importantes, disse que é preciso que elas sejam protegidas pelo crescimento na economia:
- Se não, é enxugar gelo. Não seguram as conquistas. Não há política social que faça efeito sem desenvolvimento. Se não, é o que estamos vendo agora: crescimento do analfabetismo, emprego perdendo qualidade, país perdendo competitividade. Vamos legar o quê para as futuras gerações deste país?
Ao pregar que é preciso reconquistar novas práticas da política no país, Eduardo Campos afirmou que não se arrependeu de ter apoiado o PT e os governos petistas:
- Ninguém que está aqui se arrepende de ter ajudado a eleger Lula e Dilma. Mas da mesma forma que nos empenhamos pelas conquistas, tivemos a capacidade de sair pela porta da frente.
Para Eduardo Campos, a sociedade exige mudança. Disse que não vê, nos quatro cantos do país, pessoas que acham que mais quatro anos do atual governo vão fazer bem ao país. E alertou para o risco da perda de conquistas democráticas:
- Eu conheço o fel da ausência da democracia. Sei o quanto custou a quem já não está mais aqui a luta pela conquista democrática. Não podemos botar cabresto na democracia, distribuindo cargos e pensando que todos se põem de joelho diante do poder do dia. Não! Tem muitos que têm coragem e carregam na consciência as lutas pela democracia e se rebelam pelo o que aí está.
Questionado sobre o tom duro do discurso, Campos afirmou que não terá medo de levantar o debate político.
- Eu elogiei o Lula e as conquistas que ajudamos a trazer. Mas agora é a hora do debate político que eu vou fazer sem medo. Aqui, ninguém treme não. Os cabras lá não conhecem a natureza de uma pessoa que nasceu onde eu nasci – disse Eduardo Campos.
Fonte: O Globo
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