- Zero Hora (RS)
Poucos dias nos separam da eleição presidencial e três são os candidatos possíveis de serem eleitos. Contudo, até agora não ouvi uma voz a respeito da eleição e dos que a ela concorrem, seus atributos, merecimentos ou deficiências, enfim de suas credenciais, como se fosse irrelevante a escolha do primeiro e maior de seus condutores, pelo menos dos que detêm em suas mãos a maior soma de poderes públicos durante certo tempo; nem é por acaso ser denominado de primeiro magistrado do país e simultaneamente chefe do Estado e da nação, quando na maioria dos Estados são distintas umas das outras as atribuições, bem como seus titulares; por motivos semelhantes, também se diz do presidente ser um ditador por tempo certo, sem falar na ampla irresponsabilidade a ele imanente.
Pois bem, trata-se aqui e agora da escolha do presidente da República e dos governadores, como se nada significasse a incumbência. Parece que não haverá ou já houve a eleição; uma eleição às escuras. Dir-se-á a ocorrência de fato novo e relevante, o avanço sem precedente da corrupção, que poderia haver amortecido a sensibilidade nacional.
Ao que me parece, a lepra da corrupção se fez sentir em todos os níveis e graus, e talvez o silêncio tenha sido o emudecido e encabulado comentário. Enfim, é surpreendente mas imperioso se note que a senhora presidente, aliás, candidata à reeleição, não hesitou em defender como solução o debate com os fanáticos, quando o mundo inteiro, sem reserva, afirma sua decisão de enfrentá- los frontalmente.
É tempo de mudar e noto que hoje o debate eleitoral foi substituído, mas substituído pela ação do marqueteiro, que se serve de sucessivas "pesquisas de opinião" para operar. Estas que se sucedem dia a dia e mais de uma vez por dia indicariam ou pretendem que indiquem as reais tendências do eleitorado, quando, salvo erro meu, este efetivamente é o orientado, enquanto sua orientação depende do marqueteiro.
*Jurista, ministro aposentado do STF
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