• Nem mesmo os cinco ministros presentes ao evento saíram em defesa do Planalto
- O Globo
- BRASÍLIA- A convenção do PMDB ontem foi marcada pelas críticas sucessivas ao governo Dilma Rousseff e ao PT. Desde cedo, a presidente e seu partido foram alvo de ataques e palavras de ordem dos convencionais. Deputados ligados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), que estava no encontro, puxaram o coro. Darcísio Perondi (RS), ao microfone, liderou os gritos de “Fora, Dilma!”. Carlos Marun (PMDB-MS) liderou o “Saída já!”. Os peemedebistas também gritaram “Fora, PT!”.
Os cinco ministros peemedebistas de Dilma presentes ao encontro — Marcelo Castro ( Saúde), Helder Barbalho (Portos), Eduardo Braga (Minas e Energia), Henrique Alves (Turismo) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) — apenas assistiram aos ataques, sem fazer qualquer defesa do governo que integram.
Gritos de ‘fora Dilma!’
Perondi comparou a Lava-Jato à Operação Mãos Limpas, que desvendou um esquema de corrupção na Itália e dizimou alguns partidos políticos. Segundo ele, o PMDB corre esse risco se permanecer no governo.
— Quando o PMDB quer, o Brasil muda. Fora, Dilma! Fora, Dilma! Fora, Dilma! — discursou Darcísio Perondi, sendo acompanhado pelo público.
A senadora Marta Suplicy (SP), que foi ministra do Turismo no governo Lula e da Cultura no primeiro governo Dilma, defendeu o rompimento. Ela bateu forte no governo do PT, partido que ajudou a fundar e ao qual estava filiada até o ano passado. O classificou como corrupto e incompetente. E lembrou episódios do passado do PMDB, como a luta contra a ditadura, para argumentar que seu atual partido tem compromisso com a democracia.
— O impeachment da presidente vem tarde. Se tivéssemos tomado essa posição antes, não estaríamos assim. O governo é corrupto e incompetente, com uma presidente que não dá conta do recado, uma presidente isolada e que não consegue governar. De modo que apoiamos, sem sombra de dúvida, a saída do governo o quanto antes — disse Marta.
Regina Perondi, do PMDB Mulher, também discursou e defendeu que Temer assuma o Planalto:
— Fora Dilma, Michel já — disse, inflamando a plateia, que gritou em coro “Fora, Dilma”.
— Brasil, para frente, Temer presidente — gritaram os manifestantes pouco depois.
Uma moção do diretório estadual baiano também defendeu abandonar Dilma. “Solicitamos a imediata saída do PMDB da base de sustentação do Governo Federal, com a entrega de todos os cargos em todas as esferas da Administração Pública Federal”, dizia trecho do documento. Ela acabou, no entanto, não sendo votada e deve ser analisada pelo diretório nacional em até 30 dias.
Durante a convenção, foi distribuída também a chamada “Carta de Brasília”, apoiada por deputados e diretórios estaduais, pedindo “independência e afastamento do governo já!”.
Segundo os organizadores, o grupo é composto pelos diretórios do Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
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