Qual
vacina você tomaria se pudesse escolher?
Se
você, leitor, pudesse escolher, qual vacina tomaria? Penso que muitos optariam
pela da Pfizer. Ela, afinal, apresenta uma das taxas mais altas de eficácia em
estudos de fase 3 publicados, não foi associada a efeitos colaterais graves,
ainda que muito raros, e está mostrando que funciona bem na vida real, como se
vê em Israel.
A
questão, porém, é mais complexa. Ao que tudo indica, o Sars-CoV-2 veio para
ficar. É provável que tenhamos de colocar a vacina anti-Covid no calendário
anual de imunizações, e aí as vantagens da Pfizer talvez não se sustentem.
Hoje, diante dos custos econômicos de lockdowns, mesmo a mais cara das vacinas é uma pechincha. Mas, se precisarmos de reforços anuais, o preço será uma variável importante, e o da Pfizer está entre os mais elevados --US$ 20 a dose, contra US$ 4 da vacina Oxford. A logística também é mais complicada, já que o biofármaco da Pfizer precisa ser mantido à temperatura de -70°C.
Quem
desponta como candidata forte a prevalecer no mercado de mais longo prazo é
justamente a vacina da Oxford, a mais barata entre os principais imunizantes,
que se conserva em geladeiras comuns e que também vem se mostrando efetiva nos
experimentos de mundo real.
A
disputa por mercado, assim como interesses geopolíticos ou simplesmente eleitoreiros,
são fatores que não devem ser ignorados quando analisamos os noticiários sobre
as vacinas. Não acho que, nas esferas "mainstream", ninguém esteja
inventando notícias falsas contra este ou aquele imunizante, mas o peso que
cada país dá a elas e as medidas que toma têm muito a ver com esses elementos
não farmacológicos.
É nesse contexto que devemos entender a guerra que países da União Europeia deflagraram contra a vacina Oxford ou que Bolsonaro travou contra a Coronavac. Para nós, cidadãos comuns, qualquer vacina que evite que morramos ou desenvolvamos quadros graves deve ser celebrada.
Um comentário:
A longo prazo, cada região do mundo, desde que tenha recursos, deve priorizar vacinas próprias, o Brasil tem pelo menos duas candidatas que podem suprir as necessidades nacionais e exportar para América latina e África.
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