O Estado de S. Paulo
E se os resultados oficiais do TSE não baterem com os números ‘paralelos’ dos militares?
Há muitos tons de cinza entre golpes à
antiga, com tanques nas ruas, e contemporâneos, com descrédito das
instituições, e no Brasil as Forças Armadas (FA) estão sendo usadas para desacreditar
a Justiça Eleitoral, as urnas eletrônicas e, portanto, o resultado das
eleições. Sem um tiro, mas com igual poder deletério para a democracia.
Ao bater continência para as ameaças do
capitão insubordinado Jair Bolsonaro, confrontando o TSE e criando um
monitoramento paralelo – ilegítimo e inconstitucional –, a atual cúpula das FA
se mete onde não deve e se presta a enfraquecer a democracia e a própria
imagem.
Se as FA se colocam acima dos demais Poderes, donas do bem, da razão e da lisura das eleições, elas abrem espaço para o TSE, as instituições e a Nação questionarem suas intenções. Assim como desconfiam das urnas eletrônicas, a sociedade civil pode desconfiar de um “sistema paralelo” militar, que pode dar pretexto para aventuras de Bolsonaro contra o resultado eleitoral.
Nenhum militar da ativa ou da reserva, das
três Forças e de diferentes patentes, imagina que as FA cerrem fileiras com
esse ou qualquer presidente para sair nas ruas armado, prendendo adversários,
compactuando com golpes. Mas a certeza não é a mesma diante da possibilidade de
serem usados para o jogo de Bolsonaro.
E se ele perder? Se bolsonaristas forem
arregimentados para votar de uma forma na urna eletrônica e outra no papel? Se
houver incongruência entre os números oficiais do TSE e os das FA? Pode ser a
senha para tropas bolsonaristas civis, muito bem armadas, entrarem em ação.
Gente como Jorge Guaranho, que matou a tiros o petista Marcelo Arruda na sua
festinha de aniversário.
A versão de Bolsonaro, do vice Hamilton
Mourão e seus estrategistas é igual à dos advogados do assassino: não foi
absolutamente um crime político, foi um desses que acontecem toda hora por aí.
Chocante! As imagens e as falas de Guaranho não deixam dúvida: ele não matou
Arruda por causa de mulheres, dinheiro, jogo, religião, futebol, briga de
trânsito. Matou porque é bolsonarista e o aniversariante era petista. Ponto.
Além de aterrorizante, é desolador, de uma tristeza imensa, que as cúpulas militares se deixem manipular para objetivos sombrios. E não é por ingenuidade, é disposição. Assim como seu antecessor Braga Netto, o general Paulo Sérgio Oliveira abandonou sua bela imagem de militar moderado e profissional ao ser tragado pelo bolsonarismo e assumir no Ministério da Defesa ares autoritários, ameaçadores, como se estivesse numa guerra. Que imagem as FA deixarão para a história na eleição de 2022?
3 comentários:
Vocês não tão nem um pouco preocupado com a imagem que vocês vão deixar de traidores de ter apoiado ladrão bandido que foi tirado da cadeia pra poder concorrer à presidência tudo errado e vocês falar imagem das forças armadas são a nossa salvação Eliane vocês todos se venderam por 30 moedas vergonha vergonha
Vergonha a sua que se esconde atrás de um anônimo...
Verdade,o ''anônimo'' tem vergonha até do próprio nome.
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