Folha de S. Paulo
PIB e emprego melhoram, inflação é
maquiada, governismo empareda oposição e STF
Em julho, a taxa de inflação deve
ser negativa. Isto é, o IPCA pode
diminuir quase 1% neste mês. A inflação anual cairia pouco, para perto de 10%.
A carestia da comida continuaria na casa de horríveis 16% ao ano. A baixa
do preço dos combustíveis vai maquiar uma inflação ainda ruim e
disseminada.
Mas o bolsonarismo vai bater bumbo,
comemorando esse primeiro lance do contra-ataque que começou agora. Deve fazer
uns gols nas pesquisas de agosto ou setembro. Talvez não sejam muitos pontos,
mas o bastante para afastar o risco de derrota no primeiro turno. Com essa
jogada de Auxílio
Brasil etc., deve sair do sufoco em que estava fazia apenas uma
quinzena.
Além disso, em 31 de julho começam as manifestações de rua bolsonaristas, que devem culminar na reedição apoteótica de aniversário do 7 de Setembro golpista, agora mais disfarçado. "Disfarçado" em termos, pois foi retomada a campanha de desmoralização das urnas e de intimidação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo, ofensiva com grande apoio militar.
Enquanto isso, a oposição, em suma Lula da Silva (PT)
e agregados, jogam parados, esperando que inflação, fome e um passado de crimes
recentes bastem para manter a rejeição de Jair
Bolsonaro lá pela casa de 55%. Não há movimento ou conversa política maiores
a fim de conter o contra-ataque bolsonarista.
Como previsto, bancões e outras casas do
ramo revisam para cima suas estimativas de crescimento para 2022, que saem de
cerca de 1,5% para o degrau dos 2%. Mais importante, atenuam suas previsões de
que o número
de empregos passaria a crescer pouquinho neste segundo semestre.
O motivo principal das revisões é o
dinheiro do pacotão eleitoral, a PEC
"Kamikaze" ou dos "Bilhões –redução de impostos sobre
combustíveis e auxílios vários.
Há uma possibilidade muito remota de que
parte da baixa dos combustíveis seja revertida por causa de queixas dos
governadores na Justiça. Mais improvável ainda é a PEC Kamikaze cair
na Câmara.
O Supremo já
está intimidado pelos arreganhos bolsonaristas –o pessoal lá diz que não
quer "acirrar" o conflito. O Congresso quase inteiro vem dando aval
ao estelionato eleitoral. A oposição levou um drible
pela mudança de última hora do
pacotaço estelionatário, que saiu da
burrice de subsídios ainda maiores de combustíveis para o gasto direto com
pobres e assemelhados. Não vai ter CPI
do MEC.
A oposição ora leva um baile porque não tem
estratégia política ou proposta de acordo nacional de reconstrução econômica e
democrática. Nem tem programa (de combate político, eleitoral ou outro). A
campanha ainda é feita de Lula, "bota o retrato do velho outra
vez", e do nojo que parte do país tomou de Bolsonaro.
Daqui a pouco, começa para valer a campanha
suja digital bolsonarista, que estava com problemas de organização e disputas
intestinas. Vai ter pacote para empresário.
Para recapitular: a partir de julho começam
as marchas das massas de choque bolsonaristas. Bolsonaro vai pegar carona nos
gastos da comemoração oficial do Bicentenário da Independência.
No início de agosto tem a notícia de
inflação negativa de julho e indicadores ainda resistentes de emprego. Entre
fins de julho e agosto
começa a pingar o Auxílio Brasil, que deve ter pelo menos um segundo
pagamento até o primeiro turno.
Em tese, vão ser dois meses de
contra-ataque. O que a oposição vai fazer? Esperar que um desastre financeiro
na economia mundial aporte por aqui? Que o povo não compre o estelionato pelo
preço de face?
Mais provável, por ora, é que Bolsonaro faça uns gols, uns pontos salvadores nas pesquisas de agosto ou setembro. No mínimo, ganha tempo para golpes.
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