• Segundo BC, Costa ainda é responsável por algumas delas
Eduardo Bresciani – O Globo
BRASÍLIA - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa — que foi preso na Operação Lava-Jato da Polícia Federal e é um dos principais alvos das CPIs da Petrobras — controlava nada menos que 1.832 contas bancárias da companhia, segundo documento do Banco Central obtido pelo GLOBO. O dado revela o poder de Costa, que ficou no cargo de maio de 2004 a abril de 2012.
De acordo com o documento, contas da companhia continuaram vinculadas a Costa mesmo após sua exoneração do cargo. Em algumas contas, ele aparece até hoje no BC como responsável. A Petrobras informou que o estatuto prevê a representação da empresa pelos diretores, e que os bancos informaram à estatal que Costa não constaria mais nos registros bancários.
Mais de 90% das contas correntes que eram geridas por Costa são do Banco do Brasil. São 1.726 registros no maior banco público do país. Centenas delas só tiveram o vínculo retirado no sistema do BC no dia da deflagração da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, em 17 de março deste ano.
Costa foi preso três dias depois, pela suspeita de que tentava destruir provas. A PF identificou depósitos de empresas fornecedoras da Petrobras, principalmente com contratos para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, para empresas controladas pelo ex-diretor ou pelo doleiro Alberto Yousseff. Costa foi também presidente do conselho de administração da refinaria.
As contas no Banco do Brasil que só deixaram de ser controladas por Costa no dia da operação da PF estão localizadas em dez agências diferentes nos seguintes estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Sergipe, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal. O mesmo ocorreu nos bancos BNP Paribas e Santander.
O levantamento indica que algumas contas da Petrobras continuam até hoje nos dados do Banco Central tendo Paulo Roberto como responsável, representante ou procurador. Isso ocorre nos bancos Bradesco, Itaú e Santander. Nos dois primeiros, os registros localizados são de agências do Rio, enquanto no terceiro a agência fica na capital paulista. Centenas de outras contas, a maioria do Banco do Brasil, só foram desvinculadas de Costa em 2013, mais de um ano depois da saída dele da Diretoria de Abastecimento. Além dos bancos citados, Costa aparece como administrador nos registros de Sudameris e Real, que foram incorporados posteriormente por Santander, BTG Pactual e Votorantim.
O documento do BC não informa o volume de recursos movimentado por Costa nem a data das movimentações. A listagem serviu como base para a quebra de sigilo bancário. No caso da CPI Mista da Petrobras, o pedido foi de quebra de sigilo de todas as contas operadas por ele desde 2005. Por isso, a comissão deve ter acesso à movimentação dessas contas.
A Petrobras afirmou, em nota, que o estatuto da empresa estabelece que dois diretores, em conjunto, têm poderes para representá-la. Disse ter recebido informações dos bancos mencionados de que Costa não figura mais como representante desde sua saída da empresa, em 2012. A estatal sustentou ainda não haver registro de movimentações feitas por ele.
“O estatuto da Petrobras estabelece que dois diretores em conjunto têm poderes para representar a empresa. Contudo, os bancos citados confirmaram que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não consta como representante da Petrobras desde a sua saída da diretoria da empresa. As contas relacionadas pertencem à Petrobras. Entretanto, nos nossos controles e nos dos referidos bancos não há registro de qualquer movimentação realizada pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa”, informou a companhia, por escrito.
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