- O Globo
Anova operação da Polícia Federal pôs mais uma pedra no caminho do PT. O partido já dava como certo que não conseguirá lançar Lula à Presidência. Agora pode ficar também sem seu plano B: o ex-ministro Jaques Wagner.
O petista foi acusado de embolsar R$ 82 milhões das empreiteiras Odebrecht e OAS. O dinheiro teria sido desviado das obras da Fonte Nova. Pelas contas da PF, o superfaturamento no estádio da Copa chegou a R$ 450 milhões.
Ontem a polícia amanheceu no apartamento de Wagner, numa torre com vista para a Baía de Todos os Santos e a Ilha de Itaparica. Apreendeu papéis, computador e 15 relógios de luxo. Não é a primeira vez que o ex-governador se vê em apuros pelo que ostenta no pulso.
Há dois anos, um lobista da Odebrecht contou ter presenteado Wagner com um relógio avaliado em US$ 20 mil. O petista reconheceu o mimo e se saiu com uma das piores desculpas da Lava-Jato. “Guardei e nunca usei, porque eu uso outro tipo de relógio”, esnobou.
Agora os investigadores também apuram outros tipos de regalo. Segundo a delegada Luciana Matutino, Wagner usou a casa da mãe, no Rio, para receber R$ 500 mil. O ex-ministro é carioca e estudou Engenharia na PUC. Radicou-se na Bahia para fugir da repressão na ditadura militar.
Depois do impeachment, Wagner admitiu que o PT “se lambuzou” na farra do dinheiro fácil das empreiteiras. Ele já tinha sido citado em delações, mas o partido preferia ignorar seus problemas com a Justiça. Agora terá que avaliar suas chances de sobreviver politicamente até outubro.
A operação de ontem foi batizada de Cartão Vermelho, em referência à corrupção nos estádios da Copa. É possível que Wagner ainda não tenha sido expulso do jogo, mas o campeonato ficou mais difícil para ele. Bolsonaro foi ao Japão e o governo surrupiou mais uma de suas bandeiras. Instalou um general no Ministério da Defesa. Desde que foi criada, em 1999, a pasta sempre esteve em mãos civis. Na primeira vez em que os militares tentaram tomá-la, Fernando Henrique Cardoso resistiu e anotou em seu diário: “É preciso não retroceder nos avanços”. Michel Temer retrocedeu.
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