Eduardo foi deputado federal por Minas Gerais de 1995 até 2022, se licenciando apenas de 95 a 98, para liderar a Secretaria do Trabalho, da Assistência Social, Criança e do Adolescente do Estado de Minas Gerais, no Governo Eduardo Azeredo. Compartilhamos esse momento, já que eu estava na Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral. Foi aí que nos conhecemos. Testemunhei sua dedicação ao capitanear a transição do desumano modelo das antigas FEBEMs de atenção aos menores sem referência familiar para a humanizada estratégia das Casas Lares.
Eduardo era certa unanimidade na Câmara.
Não só por seu jeito suave de lidar com aqueles que dele discordavam, mas pela
consistência de suas propostas e pareceres na abordagem das políticas sociais.
Tinha uma invejável capacidade de estudo e formulação. Não dispersava energias com
outros setores. Tinha foco preciso: o desenvolvimento social. Principalmente, a
defesa das pessoas com deficiência e sua apaixonada dedicação às APAEs.
O legado parlamentar do Eduardo é
inestimável. Lembro que foi dele a iniciativa inicial que gerou o auxílio
emergencial para assistir os mais vulneráveis na pandemia. Presenciei de perto
sua capacidade de diálogo como relator do marco legal normatizando as parcerias
do setor público com as organizações não governamentais. Eduardo tinha
credibilidade junto a seus pares. Líderes de esquerda, centro ou direita
paravam para ouvir quando ele argumentava e emitia opiniões.
No entanto, o momento mais frutífero de
nossa fraterna convivência foi em meus oito anos como secretário de saúde, de
2003 a 2010, no Governo de Aécio Neves. Ele liderava as APAES de Minas Gerais.
Juntos,
erguemos o mais arrojado projeto de apoio às APAEs de todo o Brasil.
Pioneiramente, estabelecemos a remuneração às APAEs pelos serviços de saúde
prestados ao SUS. Depois, isto tornou-se uma política do Ministério da Saúde.
Fizemos amplo programa de investimentos em equipamentos de fisioterapia e saúde
bucal, coordenado pela Federação Estadual das APAEs. Compartilhamos momentos
mágicos nas duas “Jornadas de Superação pela Arte e pelo Esporte” que lideramos,
com o apoio do ator Marcos Frota, que tiveram etapas regionais e culminaram no
Campus da PUC do Coração Eucarístico em BH e no Palácio das Artes, com a
participação do maestro João Carlos Martins, do músico Hebert Vianna e do
esportista Lars Grael, entre outros.
Éramos muito parecidos. Conversávamos muito
sobre nosso bom mocismo, quase ingenuidade, em um meio tão competitivo e
traiçoeiro. A derrota inesperada em 2022 o baqueou inegavelmente. Poucos
estenderam a mão para Eduardo depois. Ele tinha uma generosidade enorme e um
coração do tamanho do mundo. Era um dos poucos que fazia política com alma e coração
aflorados. E foi o coração que nos roubou Eduardo. Lutou mais de 30 dias na UTI
e não resistiu.
Entretanto, a vida pública nos deixou como
herança uma estrela de primeira grandeza. Ela tem nome e sobrenome. Chama-se
Eduardo Barbosa.
*Economista
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