O novíssimo Programa Nacional de Direitos Humanos, baixado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último ano do seu segundo mandato, é uma mistura de saudades do Estado Novo da ditadura do presidente Getulio Vargas com as lições dos quase 21 anos da ditadura militar dos cinco generais-presidentes. Nos 11 meses que restam de mandato do presidente Lula, com a prioridade óbvia de empurrar a burocracia para a equipe da Casa Civil, ele se dedica em tempo integral à campanha para a eleição da ministra-candidata Dilma Rousseff.
Na sua arrogância de maior líder popular do mundo, Lula, em 23 mil palavras e em 73 páginas, não apena repassa o dever de casa para Dilma como encurrala a oposição no cercado de porteira fechada.
Eis um documento que pela sua inédita extravagância tem lugar cativo na memória da história. É fantástico, inacreditável, além de todos limites do bom senso. E de uma arrogância de quem se considera o único capaz de dirigir os destinos do país, alem de lançado no pior e mais azarado dos momentos, quando a calamidade das enchentes destrói cidades, com casas que despencam de barrancos, construídas em áreas de risco que nunca foram levadas a sério pelos prefeitos, governadores, presidente da República e o ministério obeso e lerdo como preguiça de Jardim Zoológico.
Basta passar os olhos pelo noticiário da imprensa para se constatar que exatamente em dez meses e 27 dias de mandato, Lula vai cuidar, como prioridade obsessiva, da campanha da ministra Dilma, até para recuperar os dias e espantar as dúvidas sobre o estado de saúde da candidata, depois do câncer linfático curado com as sessões de quimioterapia e da gripe suína dos fins de dezembro, quando não mais apareceu em público.
O Programa dos Direitos Humanos, obra-prima da equipe palaciana, prevê a elaboração de 27 novas leis, mais a execução de 32 novos planos, inventários e programas sociais, a criação de mais de 10 mil instâncias burocráticas para atender aos empistolados da atual e da futura máquina administrativa. E mais o lançamento de 20 campanhas publicitárias nacionais. Se o limite era o infinito, o programa de direitos humanos do presente de grego de Lula para os seus sucessores, para este ano eleitoral promete de dedos cruzados a regulação das hortas comunitárias, a revisão da Lei da Anistia – um tema explosivo para os comícios eleitorais – e a encruada taxação das grandes fortunas. Como uma caixa de bombom para os gays, o compromisso da legalização do casamento homossexual.
Na mais polêmica faixa da campanha, Lula propõe a taxação das grandes fortunas, a revisão da Lei de Anistia, a flexibilização das regras para a reintegração de posse das propriedades pelos sem-terra, mudanças na concessão de licença para rádios e televisões e fiscalização dos impactos da biotecnologia e da nanotecnologia na vida cotidiana.
Ora, uma saudável advertência do azar, na sacudidela da caixa de isopor que o presidente carregou na cabeça na praia da Base Militar de Aratu, próxima de Salvador, antes da mudança, de helicóptero, com a primeira-dama, Maria Letícia, para o Forte dos Andradas, na Base Militar de Tombos, no Guarujá, pode ter despertado a atenção do maior líder, etc.
Tanto na praia baiana como na areia de Guarujá, Lula driblou a imprensa e preservou a privacidade em 11 dias de férias Mas, por esquecimento ou uma mudança tática incompreensível, não tomou nenhuma iniciativa para adiar o lançamento do programa dos Direitos Humanos.
O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi recrutado para a visita de solidariedade do governo às áreas castigadas pelas enchentes. De helicóptero, na companhia dos ministros Geddel Vieira, da Integração Nacional, e Márcio Forte, das Cidades, sobrevoaram vários municípios e não chegaram com as mãos vazias. Angra dos Reis vai receber uma ajuda de R$ 80 milhões. O governo também reservará R$ 50 milhões para as cidades da Baixada Fluminense mais castigadas pelas chuvas, como Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita e São João de Meriti.
Lula e a candidata Dilma vão esperar a volta do sol para a visita com brilhante comitiva.
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