DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - É compreensível que os petistas procurem desqualificar as palavras de Ciro Gomes invocando a sua incoerência. O político que pretende falar em nome da moralidade, que reveste suas posições com verniz ideológico, não passa de um oportunista. Espalhar essa versão parece ser a melhor maneira de exorcizar a frase: "Serra é mais preparado, mais legítimo e mais capaz do que Dilma Rousseff".
Muitos comentários a respeito da entrevista de Ciro seguiram essa mesma linha. Seria apenas mais uma do homem-bomba. Seus ataques seriam apenas fogos de artifício. Afinal, Ciro não merece crédito. Mas não é incrível que o carimbo na testa tenha surgido justamente quando ele resolveu abrir a boca contra a candidata de Lula?
Enquanto o alvo era Serra (e é improvável que deixe de ser), Ciro parecia cumprir um papel. Era destemido ou, no máximo, uma espécie de "menino maluquinho", a quem se tolerava apesar dos exageros.
Eis que ele -humilhado pelo lulismo a que serviu- pretende dizer o que de fato pensa sobre a amiga Dilma. Pronto. Tornou-se o homem-maionese, um cascateiro, o vulcãozinho que é preciso isolar. Dois pesos, duas medidas.
Ninguém deve tomar a palavra de Ciro pelo valor de face, inclusive porque ele é instável.
Mas também não se deve agora transformar o que ele diz em moeda podre, sob o risco de deixar escapar o principal: a novidade não está no no clichê da "metralhadora giratória", mas no fato de que, contrariado, o aliado de peso lançou contra Dilma a principal crítica que lhe faz a oposição.
Que autoridade tem Ciro? Pelo menos a de quem conviveu com Lula e Dilma de perto, anos a fio, inclusive na crise do mensalão.
O impacto das suas palavras sobre a campanha talvez seja pífio, talvez não. Mas elas apanham Dilma num momento delicado. Há um mês, Serra era visto como um candidato hesitante e o PSDB parecia um ninho de cobras. De alguma maneira, as coisas se inverteram nas últimas semanas.
SÃO PAULO - É compreensível que os petistas procurem desqualificar as palavras de Ciro Gomes invocando a sua incoerência. O político que pretende falar em nome da moralidade, que reveste suas posições com verniz ideológico, não passa de um oportunista. Espalhar essa versão parece ser a melhor maneira de exorcizar a frase: "Serra é mais preparado, mais legítimo e mais capaz do que Dilma Rousseff".
Muitos comentários a respeito da entrevista de Ciro seguiram essa mesma linha. Seria apenas mais uma do homem-bomba. Seus ataques seriam apenas fogos de artifício. Afinal, Ciro não merece crédito. Mas não é incrível que o carimbo na testa tenha surgido justamente quando ele resolveu abrir a boca contra a candidata de Lula?
Enquanto o alvo era Serra (e é improvável que deixe de ser), Ciro parecia cumprir um papel. Era destemido ou, no máximo, uma espécie de "menino maluquinho", a quem se tolerava apesar dos exageros.
Eis que ele -humilhado pelo lulismo a que serviu- pretende dizer o que de fato pensa sobre a amiga Dilma. Pronto. Tornou-se o homem-maionese, um cascateiro, o vulcãozinho que é preciso isolar. Dois pesos, duas medidas.
Ninguém deve tomar a palavra de Ciro pelo valor de face, inclusive porque ele é instável.
Mas também não se deve agora transformar o que ele diz em moeda podre, sob o risco de deixar escapar o principal: a novidade não está no no clichê da "metralhadora giratória", mas no fato de que, contrariado, o aliado de peso lançou contra Dilma a principal crítica que lhe faz a oposição.
Que autoridade tem Ciro? Pelo menos a de quem conviveu com Lula e Dilma de perto, anos a fio, inclusive na crise do mensalão.
O impacto das suas palavras sobre a campanha talvez seja pífio, talvez não. Mas elas apanham Dilma num momento delicado. Há um mês, Serra era visto como um candidato hesitante e o PSDB parecia um ninho de cobras. De alguma maneira, as coisas se inverteram nas últimas semanas.
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