quinta-feira, 6 de maio de 2010

“O Rio Grande ficou para trás”, diz Serra

DEU NO ZERO HORA (RS)

Com um discurso voltado para o Rio Grande do Sul, incluindo as promessas de construção de uma nova ponte sobre o Guaíba para ligar a Capital à Zona Sul e de apoio à agricultura, o ex-governador José Serra inaugurou ontem o ciclo do Painel RBS com os pré-candidatos ao Planalto.Descontraído, contou até piada, mas fugiu de temas espinhosos, como o reajuste dos aposentados. Confira trechos da entrevista.

Primeiro dos principais pré-candidatos à Presidência a participar do Painel RBS, o ex-governador José Serra (PSDB) fez ontem afagos e uma promessa ao Rio Grande do Sul.

– Não é um compromisso, é um anúncio: vou fazer a segunda ponte do Guaíba – afirmou.

Serra repetiu a promessa a pedido do jornalista Lasier Martins.

Não foi o seu único agrado aos ouvidos dos gaúchos durante o Painel, realizado no Salão Nobre da sede do Grupo RBS com transmissão ao vivo por TVCOM, Rádio Gaúcha e site www.painelrbs.com.br e acompanhado pela diretoria, por editores e jornalistas da empresa. Ao comparar o Estado com Rio e Pernambuco – que ganharam impulso econômico com o petróleo e os estaleiros, respectivamente –, o candidato disse que o Rio Grande do Sul “ficou para trás”:

– O Rio Grande é um Estado muito qualificado. Tem uma classe empresarial capacitada, a expansão agrícola do Brasil foi feita pelos gaúchos. No entanto, tem recebido subinvestimentos do governo federal.

Entrevistado por Lasier e pelos jornalistas André Machado, Carolina Bahia, David Coimbra, Rosane de Oliveira e Tulio Milman, Serra discorreu, ao longo de uma hora e meia, sobre temas como educação, saúde, agricultura, reformas agrária e tributária, impostos, corrupção e investimentos.

Mas evitou temas mais espinhosos como a correção dos vencimentos dos aposentados (“Tudo é uma questão de custo, se tem dinheiro ou não tem. O que o governo Lula decidir, eu acato”) e a volta da CPMF, o imposto sobre o cheque. Também evitou avaliar o governo Lula.

Entre outros afagos aos gaúchos (como os elogios aos técnicos Dunga e Luiz Felipe Scolari), Serra enfatizou seu apoio à agricultura e criticou o câmbio e os juros que prejudicam produtores e exportadores do Estado.

– O juro e o câmbio são um tremendo imposto que você paga – disse, prometendo uma integração “total” dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para acabar com distorções no setor e com o “uso da reforma como pretexto” para outros interesses.

– Vou ser o presidente da produção. Aprendi que a agricultura no Brasil é uma coisa poderosa, é a galinha do ovos de ouro do desenvolvimento brasileiro – elogiou.

Porém, demonstrou pouco conhecimento com questões como o polo naval de Rio Grande (“Já ouvi falar, não conheço os detalhes”, disse o tucano).

Serra deteve-se em alguns assuntos, principalmente educação, economia e segurança.

Demonstrou contrariedade ao ser questionado sobre o mensalão do DEM, no Distrito Federal. Em outros momentos, brincou, falou de futebol e chegou a contar piada. Falou sobre o hábito de trabalhar durante a noite e da sua conhecida insônia:

– Acabo trabalhando à noite porque sou hiperativo e, à noite, de madrugada, está todo mundo dormindo. Eu não telefono, ninguém me telefona.

Provocou risos ao contar da primeira vez em que esteve em Porto Alegre, em um festival de teatro. Disse que se apaixonou por uma gaúcha, noiva de um militar, mas não quis revelar a identidade da mulher.

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