terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Para Aécio, valor do mínimo pode levar a aliança entre oposição e setores da base

César Felício

O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ontem que o novo valor do salário mínimo poderá ser uma ferramenta para uma aliança entre a oposição e setores da base governista. Aécio afirmou que pode ser encontrado um valor intermediário entre os R$ 545 aceitos pelo governo e os R$ 580 propostos pelas centrais sindicais. "Nós da oposição temos que respeitar a realidade orçamentária, mas é claro que o governo quando manda uma proposta de salário mínimo mantém uma margem de discussão política em relação ao proposto. Acredito que essa negociação ocorrerá, envolvendo não apenas o PSDB, mas partidos da base do governo", afirmou.

Aécio afirmou que a partir da próxima semana começará a tentar alianças pontuais com setores governistas. "Vocês vão ver o futuro Congresso se deparar em muitos momentos com alianças entre partidos que estão na oposição, como o PSDB e o DEM e o PPS, e setores da base do governo em torno de temas que são importantes para o país. Por exemplo, em relação à questão municipalista, a garantia do valor real do Fundo de Participação dos Municípios."

O futuro senador avisa que a questão dos municípios terá sua atenção: "Cabe a nós, da oposição, e esse é realmente um assunto no qual vou me deter logo após a posse, construirmos essa agenda e buscar interlocução dentro do próprio governo, quando necessário."

Em seu grupo político em Minas Gerais, Aécio conta com o apoio do PSB, PDT, PP e parte do PR. A outra parte está sob o comando do senador Clésio Andrade (PR-MG), que, na condição de suplente, assumiu a vaga que era do senador Eliseu Resende (DEM-MG), falecido no dia 2 de janeiro. Clésio, em entrevistas, se disse integralmente alinhado com o governo federal. Eliseu era um fiel aliado de Aécio. "Cada um é senhor do seu destino. Nós sabemos aqui o conjunto das forças políticas que o elegeu e ele também sabe", disse o tucano, referindo-se a Clésio.

Aécio encontrou-se ontem no Palácio das Mangabeiras, a residência oficial do governo, com o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o secretário de Governo, Danilo de Castro. Entre outros temas, discutiram nomeações para o primeiro e segundo escalão do governo estadual. Antecessor de Anastasia, Aécio afirmou que tem mantido contatos pelo telefone "quase diários desde a sua posse" com o sucessor. O senador eleito usou a coletiva para mandar uma advertência à sua base política regional. "Vejo muita especulação nos jornais, de partidos e de parlamentares. Lembro aos companheiros da nossa aliança que o nosso grupo político só teve êxito porque teve resultados administrativos positivos. E essa eficiência é consequência da qualificação daqueles que ocupam espaços no governo", disse.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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