• Cargo que foi ocupado por Geddel Vieira Lima, do PMDB, fica com sigla que promete aliança pela reeleição da presidente
Murilo Rodrigues Alves - O Estado de S. Paulo
Brasília - Para conseguir apoio do PTB à candidatura à reeleição, a presidente Dilma Rousseff loteou uma das vice-presidências da Caixa ao partido, que já ocupava uma vaga na cúpula do Banco do Brasil desde junho passado. A nomeação como vice-presidente corporativo de Luiz Rondon Teixeira de Magalhães Filho, primeiro tesoureiro do PTB, foi publicada na edição desta segunda-feira, 5, do Diário Oficial da União.
O partido que já foi presidido pelo delator do mensalão, o deputado cassado Roberto Jefferson, não ocupa ministérios na Esplanada, mas já havia sido contemplado em junho com o cargo de vice-presidente de Governo do Banco do Brasil. A vaga era ocupada pelo atual presidente do PTB, Benito Gama, que deixou o posto para se candidatar a deputado pela Bahia.
Gama assumiu o comando do PTB após Jefferson pedir licença do cargo, depois de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão. Ele esteve presente no encontro nacional do PT, na sexta-feira, em São Paulo.
Efeitos. O partido aliado deve formalizar neste mês o apoio à reeleição de Dilma. O Palácio do Planalto pretende com isso neutralizar as ameaças de rebelião da base aliada por outros partidos, como PR e PROS.
Fora da Esplanada, o PTB conseguiu um cargo na Caixa que tradicionalmente era ocupado pelo PMDB. O último que despachou como vice-presidente corporativo ou de pessoa jurídica, como era chamado o cargo, foi Geddel Vieira Lima, que chegou a pedir pelo microblog Twitter que Dilma o exonerasse do cargo para poder disputar a eleição ao governo do Estado.
Com a nomeação, o PTB conseguiu ocupar cargos nos dois principais bancos públicos comerciais. No BB, Benito Gama indicou para substituí-lo Valmir Campelo, ministro que se aposentou do Tribunal de Contas da União (TCU) antes mesmo de contemplar 70 anos para assumir o posto no banco estatal. Rondon, o indicado pelo PTB para a vice-presidência da Caixa, foi o homem do partido na Eletronuclear e secretário adjunto de Previdência Complementar no Ministério da Previdência.
Cidades. Já a nomeação de José Carlos Medaglia Filho à vice-presidência de Governo da Caixa é indicação do PT. Ele substitui Gilberto Magalhães Occhi, que saiu do banco estatal para assumir o Ministério das Cidades. Occhi é ligado ao PP. O ministro conseguiu levar para a pasta Raphael Rezende Neto. Ele pediu exoneração do cargo de vice-presidente de Controle e Risco na Caixa para ser diretor de Mobilidade Urbana. No lugar dele, ficará interinamente a funcionária de carreira Alexsandra Braga.
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, disse que a presidência nacional do partido deve se pronunciar sobre a troca, que deve levar insatisfação às bancadas. "Para o PMDB nacional é uma demonstração de perda de espaço. Não conseguiu ampliar a participação nos ministérios e ainda abre mão de espaços como esse que já estavam certos", afirmou. Ele disse, porém, que não há no Estado "nenhum tipo de preocupação" porque na Bahia o PMDB apoia a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB).
Para a vaga de Geddel, o PMDB tinha indicado Roberto Derziê, funcionário de carreira há mais de 20 anos no banco. A escolha tinha o aval de Jorge Hereda, presidente da instituição, que queria ver um nome técnico na vaga depois que Geddel pediu demissão por uma rede social, mas a presidente deu o cargo ao PTB.
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