• Estratégia de reação do Palácio do Planalto ao escândalo da Petrobras prevê também o apoio de Dilma à investigação da Polícia Federal e o anúncio da nova equipe econômica
Sonia Filgueiras – Brasil Econômico
O governo está em um esforço concentrado para manter a crise gerada pela Operação Lava-Jato longe do Palácio do Planalto e da presidenta Dilma Rousseff. De um lado, está em preparação uma "agenda positiva" como reforço da divulgação de ações previstas para até o final do ano. De outro, Dilma seguirá afirmando que apoiará as investigações da Polícia Federal "doa a quem doer", e deixará a corporação seguir seu trabalho. Além disso, a presidenta está debruçada sobre a definição da primeira leva de seu novo ministério, que deverá trazer os nomes da equipe econômica. Alguns desses temas foram debatidos ontem numa longa reunião de Dilma, com a presença do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no Palácio da Alvorada.
A equipe do Palácio fez um minucioso levantamento de todas as ações relevantes previstas para ocorrer em todos os ministérios até o final do ano. A estratégia é reforçar a divulgação dos fatos com potencial repercussão positiva, estabelecendo uma espécie de competição com o noticiário negativo. Além dessa agenda positiva, há um conjunto de tarefas urgentes ligadas à área econômica: a aprovação da mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, de forma a regularizar o descumprimento da meta de superávit primário neste ano; e o anúncio de medidas de redução de despesas, encomendadas por Dilma ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. O objetivo, nesse caso, é avançar na sinalização de maior austeridade fiscal. Mantega já adiantou que trabalha em mudanças capazes de conter as despesas do governo com o seguro-desemprego, que deram um salto neste ano, e normas que reduzam as despesas na área da Previdência Social, fonte do maior déficit nas contas do governo.
Uma das propostas, já apontada pela equipe da Previdência, é tornar mais rígidas as normas para concessão da pensão por morte ao cônjuge ou companheiro. No Congresso, a estratégia do governo e do PT para lidar com a CPMI da Petrobras a tarefa é tentar evitar convocações de pessoas ligadas ao governo e, ao mesmo tempo, aprovar a convocação de nomes ligados à oposição, em uma tática de revide e redistribuição do desgaste. Dilma está fechando os nomes da sua cota pessoal mais próxima — as equipes econômica e palaciana. Há especulações em torno dos nomes do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, do ex-presidente da autarquia, Henrique Meirelles (preferido do ex-presidente Lula) e do ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Esse último é visto como uma espécie de "coringa": poderia ocupar tanto a Fazenda, quanto o Ministério do Planejamento.
Depois de acompanhá-la na reunião do G-20 e retornar da Austrália, viajando a seu lado no jatinho presidencial, Tombini ganhou força. O nome do presidente do BC mostraria comprometimento com o resgate da austeridade fiscal. Por outro lado, argumentam alguns interlocutores, tirá-lo do BC seria mexer em uma área que está funcionando bem. No grupo palaciano, algumas tendências parecem cada vez mais firmes: o atual Ministro da Reforma Agrária, Miguel Rosseto iria para a Secretaria Geral da Presidência, no lugar de Gilberto Carvalho; e o atual secretário do Tesouro, Arno Augustin, cuja imagem está desgastada pelas prática de "contabilidade criativa", não deve ficar na Fazenda, já que sua imagem desgastada. A presidenta tende a acomodá-lo em outro cargo.
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