O
candidato de Jair Bolsonaro largou na frente na corrida pela presidência da
Câmara. Líder do PP, Arthur Lira se lançou com o apoio do governo e de mais
oito partidos. O grupo reúne um número sugestivo de deputados: 171.
Lira
tem muito em comum com a família Bolsonaro. Segundo a Procuradoria-Geral da
República, ele comandou um esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa de
Alagoas. As investigações apontaram o desvio de R$ 500 mil por mês para o bolso
do parlamentar.
O caso veio à tona na semana passada em reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”. Numa curiosa coincidência, o juiz Carlos Henrique Pita Duarte absolveu o deputado no mesmo dia em que a notícia foi publicada. O Ministério Público classificou a decisão como um “grave erro judicial” e anunciou que vai recorrer. Lira se diz inocente.
O
aliado do Planalto ainda é réu em duas ações no Supremo. Numa delas, é acusado
de receber propina para influir na Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(CBTU). Na outra, é apontado como integrante de uma quadrilha que saqueava
dinheiro da Petrobras.
Com
esse currículo, o parlamentar se cacifou para chefiar o centrão. O grupo foi
organizado pelo ex-deputado Eduardo Cunha para arrancar cargos e verbas do
governo Dilma Rousseff. Depois rompeu com a petista, apoiou o impeachment e
ascendeu ao centro do poder com Michel Temer.
Lira
e Bolsonaro viraram amigos de infância em abril, quando o líder do PP começava
a articular sua candidatura ao comando da Câmara. A aliança foi selada com um
vídeo em que o deputado descreve os filhos como “grandes fãs” do presidente.
Agora o governo promete milhões de incentivos para quem votar nele.
Antes de subir a rampa, o capitão não ostentava muito apreço pelo centrão. Na campanha de 2018, ele definiu o grupo como “a nata do que há de pior no Brasil”. O general Augusto Heleno classificou a turma como a “materialização da impunidade”. “Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, cantarolou, na convenção do PSL. No samba original, gravado por Bezerra da Silva, o termo “centrão” dá lugar a “ladrão”.
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