O Estado de S. Paulo
Podem dizer o que quiserem. O teto de
gastos morreu. Só não foi enterrado porque no momento não há outra âncora
fiscal para ficar no lugar, e o governo (Centrão) precisa sustentar a narrativa
enganosa de que o teto está vivo para não piorar a crise econômica.
É falsa a versão do presidente Jair
Bolsonaro de que não houve furo no teto e que o aumento de gastos será feito
dentro das regras orçamentárias.
Não foi uma revisão do teto com discussão
ampla sobre a eficácia ou não dessa regra, criada há apenas cinco anos.
O que ocorreu foi uma manobra casuística
para conseguir quase R$ 90 bilhões de espaço para gastar mais nas eleições.
Querem furar, mas querem dizer que gostam do teto… E buscam ainda mais licença
para gastar no programa eleitoral do presidente.
O teto vem segurando muitas tentativas de ampliação de gastos. Os técnicos que lidam no dia a dia da gestão do Orçamento têm absoluta convicção de que, se tirassem o teto, as despesas explodiriam.
Quem participa das reuniões da Junta de
Execução Orçamentária (JEO), colegiado em que a equipe econômica e a Casa Civil
decidem as prioridades do Orçamento, fica horrorizado com as manobras e dribles
que vem se tentando emplacar por ali nos últimos tempos.
Apesar de ter essa barreira, a mudança na
regra incluída na
O teto morreu. Só não foi enterrado porque
não há outra âncora fiscal para colocar no lugar
PEC dos precatórios representou um turning
point de ruptura do teto e da política econômica, virada que só era esperada
para o início de 2023, já no próximo governo. Não tem mais nenhuma
credibilidade.
O teto se mostrou incapaz de entregar o que
prometeu: as escolhas das melhores prioridades de políticas públicas. Há apagão
em muitas áreas e abundância em outras, com onos gastos dos militares. na
escassez do limite de despesas imposto pelo teto, instalou-se o feudalismo
fiscal, termo tão bem cunhado pela procurador ade contas de São Paulo É lida
Pinto.
O ponto central de toda essa crise em torno
do Auxílio Brasil, da ruptura do teto e da debandada da equipe de Paulo Guedes
é que o presidente e as lideranças do Centrão tiraram a máscara e estão
ignorando a reação nervosa do mercado.
A avaliação no Palácio do Planalto é de que
é preciso ganhar a eleição de 2022 e, para isso, será necessário colocar
“dinheiro na veia do povo”.
Apesar de toda a boataria de nomes do
Centrão para suceder o ministro, Bolsonaro deu apoio a Guedes porque ele está
jogando o mesmo jogo. O ministro ficou para ajudar a remar até a reeleição. Ao
lado do presidente, que foi até o Ministério da Economia, Guedes não só negou
que tenha pedido demissão como deu seu recado: “Peço compreensão. Vamos
trabalhar até o fim do governo”.
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