sexta-feira, 1 de maio de 2009

O(a) último(a) apague a luz

Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - Quanto mais escândalos o Congresso produz, menor a chance de renovação dos quadros políticos. Quanto menos renovação, maior é a chance de escândalos. E "la nave va" -para o fundo.

Um dos maiores problemas, entre tantos, é a dificuldade crescente de atrair jovens bem intencionados, professores consequentes e profissionais brilhantes para a atividade parlamentar.

Você conhece algum que anda esfregando as mãos para entrar na política? Duvido.

Do jeito que a coisa vai, o drama imediato nem é atrair novos quadros, é segurar os poucos que já chegaram. Como Manuela d"Ávila (PC do B-RS), 27, a mais votada dos 31 deputados gaúchos e das 45 deputadas federais. Um arejamento do Congresso e da política, não só por ser mulher, jovem e bonita.

E como ela está? Com crise de identidade parlamentar. Passa os dias discutindo crise econômica e vai dormir com o escândalo mais fresco: agora, o da empresa fantasma do diretorzão do Senado. Dorme desencantada com a política, acorda, lava a cara com água fria e segue na arena. O lado positivo do tsunami, segundo ela: "O povo sabe cada vez mais das coisas e fiscaliza".

O negativo: "A generalização desmoraliza o Legislativo e afasta novos talentos". Ao passar pela foto do professor Florestan Fernandes, numa comissão da Câmara, pensou: "Onde estão os Florestan Fernandes? Por que não estão aqui?". Uma das respostas óbvias: ninguém quer se "misturar".

E por que nadar contra a corrente? Ela responde ostentando uma vitória sua, quase um troféu: a lei do estágio. "Tem dias em que a vontade de jogar a toalha é imensa. Em outros, é muito gratificante saber que a gente pode mobilizar, vencer, aprovar um projeto de interesse da sociedade." E racionaliza: "Se os bons se omitem, os maus tomam conta de vez". Se é que já não tomaram...

Em resumo: resistir é preciso, mas está difícil. Até quando?

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