A manobra de Renan Calheiros na CPI do Cachoeira para livrar o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) do indiciamento, além de garantir o apoio dos tucanos, sufocou uma possível candidatura alternativa do colega de partido Luiz Henrique (SC), apoiado por dissidentes do PMDB e por parlamentares de PDT, PSOL e PP.
Assim, Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) são nomes cotados para concorrer, porém com chances escassas de vencer a disputa pelo comando do Senado.
– A vitória do Renan é só uma questão de protocolo – assegura um líder peemedebista.
Apesar da chancela do Palácio do Planalto, Renan já teve o nome questionado pelo governo. A presidente Dilma Rousseff preferia ver o atual ministro de Minas e Energia Edison Lobão à frente do Senado. Cedeu para agradar ao PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer.
O recuo ocorreu no meio do ano, quando o PSB do governador pernambucano Eduardo Campos rompeu com o PT na disputa pelas prefeituras de Recife e Belo Horizonte. Ao identificar um provável adversário em 2014, a presidente fortaleceu a relação com Temer. Em nome da aliança das duas siglas, acataria o nome escolhido pelo PMDB.
Apoiado por Temer e Sarney, Renan tratou de melhorar sua imagem no Planalto. Aproveitou a liderança do partido no Senado para trabalhar pelo interesses do governo. Seu principal teste foi a relatoria da medida provisória 579, usada para assegurar a redução na tarifa de energia prometida por Dilma. O texto passou no Senado da forma como o governo pretendia.
A reconhecida habilidade de barganha do alagoano tranquiliza o Planalto. Responsável pela articulação política com o Congresso, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, não faz objeções ao nome de Renan e confia em um 2013 alinhado com o Legislativo, já que o PMDB também deve assumir a presidência da Câmara dos Deputados.
– Em 2012, aprovamos os projetos que precisávamos. Creio que continuará assim. O PMDB presidirá as duas Casas numa condição de participante inseparável do governo – destaca Ideli Salvatti.
Ascensão e queda
A pretensão de Renan Calheiros é retomar o cargo que precisou renunciar para manter o mandato em 2007. Entenda o que ocorreu
- Em 2007, Renan Calheiros era presidente do Senado quando foi acusado de receber ajuda financeira de um lobista de uma construtora. Ele teria pago despesas pessoais do senador, como o aluguel de um apartamento e a pensão alimentícia de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
- Em seguida, novas acusações surgiram: o senador teria favorecido empresas e comprado emissoras de rádio por meio de laranjas.
- Renan enfrentou seis processos de cassação de mandato no Conselho de Ética. Apenas dois deles chegaram ao plenário. No primeiro, o alagoano acabou sendo absolvido com 40 votos favoráveis e 35 contra – houve seis abstenções.
- Em outubro daquele ano, o peemedebista pediu licença da presidência da Casa.
- No dia em que o plenário julgaria o segundo processo contra ele, em dezembro de 2007, Renan foi à tribuna do Senado para renunciar ao cargo de presidente. Assim, manteve o mandato de senador, e foi absolvido pela segunda vez, por 48 votos a 29.
- A articulação para Renan renunciar à presidência e não perder o mandato contou com o apoio decisivo de José Sarney (PMDB-AP), que, inclusive, ajudou na redação da carta de renúncia.
- Em 2010, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar o senador por improbidade administrativa e tráfico de influência. O caso corre sob segredo de Justiça.
- Com a eleição de Sarney para a presidência do Senado, Renan se rearticulou com o apoio do ex-presidente e do líder do PTB, Gim Argello (DF).
- Voltou a ter o comando do PMDB e protagonizou algumas trombadas com a presidente Dilma, que tentou isolá-lo, tirando Romero Jucá (PMDB-RR) da liderança do governo e botando em seu lugar Eduardo Braga (PMDB-AM), um dissidente do grupo de Renan.
Fonte: Zero Hora (RS)
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