- Folha de S. Paulo
A promessa foi feita em conversas, diríamos, prospectivas para convencer alguns donos do PIB a bancar a conta da eleição. Nada diferente do tradicional. Só que, até agora, nenhum sinal, nem de fumaça, foi visto saindo do Planalto.
Em busca da confiança perdida, interlocutores muito próximos da presidente Dilma prometeram por aí que ela faria uma autocrítica. Admitiria erros e sinalizaria mudanças num eventual segundo mandato.
Diante da falta de gestos presidenciais, duas leituras são possíveis. Os interlocutores da petista podem ter vendido terreno na lua ou ela ainda reflete se e quando faria tal ato de contrição público.
O fato é que a turma que prometeu segue defendendo que tal sinalização seja feita ainda na campanha. E jura ter tratado do tema com a própria. Admite, contudo, não ter havido definição final sobre o assunto.
A resistência presidencial em reconhecer erros tem, porém, defensores dentro do governo. Esse grupo tacha de "loucura" e "obra de inimigos" falar de autocrítica em época de campanha eleitoral --a dúvida é se somente em tempos de eleição.
Enquanto isso, a presidente prefere culpar a crise internacional e o pessimismo reinante pelo fraco crescimento econômico. É o mesmo que tirar o corpo fora da dividida e dizer que a cara amarrada dos empresários travou o país.
Até parece que, para Dilma, dá para pôr fim no pessimismo por decreto. É como se o empresário acordasse de mau humor, lesse os jornais de manhã e chegasse ao escritório decidido a parar investimentos --nada a ver com intervenções e equívocos do governo. Socorro.
Só que, a contragosto, o mundo real pode forçar uma autocrítica da petista. Aqui, a economia esfria cada vez mais perto do período eleitoral. Já lá fora ela começa a aquecer.
Tudo isso, porém, não vai interferir na generosidade de doadores de campanha. Ninguém quer desagradar uma possível futura presidente.
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