• Alta, de R$ 3 por cada 100 kWh consumidos, reflete o início do sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz
Mariana Mainenti – Brasil Econômico
BRASÍLIA - Antes mesmo dos pedidos de revisão extraordinária das tarifas de energia, as contas de luz já terão o primeiro aumento de 2015, com o início da vigência das bandeiras tarifárias. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou, na sexta-feira, que o ano começará com a bandeira mais cara: a vermelha, que repassa ao consumidor parte do custo com a geração de energia térmica. Por outro lado, 2015 começa também com um alívio no caixa das distribuidoras, com o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD, praticado no mercado livre de curto-prazo) no novo teto regulamentado pela Aneel: R$ 388,48, ou seja, 20% mais baixo do que o registrado na semana anterior.
"A bandeira tarifária para o mês de janeiro de 2015 é vermelha para os consumidores brasileiros — o que significa um acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos — exceto para os estados do Amazonas, Amapá e Roraima", anunciou a agência. Pelo sistema de bandeiras tarifárias, as cores verde, amarela e vermelha indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração de eletricidade, para os quatro subsistemas do Sistema Interligado Nacional (SIN): Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro-Oeste.
A bandeira vermelha indica condições mais caras de geração. Por isso, o acréscimo na conta é mais alto. Já a bandeira verde reflete condições favoráveis de geração de energia e a tarifa não sofre nenhum acréscimo. A amarela indica condições de geração menos favoráveis, requerendo adicional de R$1,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
A bandeira vermelha sinaliza que, apesar do início das chuvas, o nível dos reservatórios ainda permanece baixo, sendo necessário o acionamento de termelétricas para suprir a demanda por energia do país. "A estação chuvosa, verificada desde o final de novembro, continua atuando em dezembro, de modo que a previsão das afluências para o mês de janeiro está na faixa de 90% da sua média histórica, que é cerca de 35% maior que a média de dezembro", afirmou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em comunicado, ao divulgar o PLD para a primeira semana de 2015.
Segundo a CCEE, esta elevação, que está prevista para acontecer progressivamente ao longo das próximas semanas, sobretudo no submercado Sudeste, reflete-se também na expectativa de recuperação dos reservatórios, fato que reduz o PLD. "Contudo, os níveis de armazenamento dos reservatórios se recuperam numa taxa ligeiramente abaixo do previsto na semana anterior, resultando em uma diferença de 470 MW médios abaixo do esperado", alertou.
Na opinião do consultor Alan Henn, da Thymos Energia, o PLD está mais baixo, com a mudança de metodologia regulamentada pela Aneel, mas é importante constatar que ele começará 2015 no teto permitido. "O PLD já bateu no teto logo no início do novo cálculo, o que significa que o teto baixou mas as térmicas estão operando. Na prática, isso significa que aumenta o encargo para o consumidor", afirmou Henn, ressaltando que os reservatórios chegaram a níveis tão baixos que é premente que se faça economia. "O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) tem que continuar despachando energia das térmicas, porque, se gastarmos água hoje, não teremos amanhã", destacou. "Se não chover o suficiente, teremos bandeira vermelha o ano inteiro", acrescentou.
O presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, avalia que as distribuidoras de energia ainda terão exposição ao mercado livre no primeiro semestre de 2015. "Enquanto as distribuidoras estiverem expostas, haverá influência na tarifa do consumidor final. Mas é um impacto menor", ponderou. "O regime de bandeiras tarifárias também vai impactar a conta de luz, mas tem um efeito positivo porque mostra à população a dificuldade que temos para gerar energia, levanto o consumidor a ter uma preocupação maior em economizar energia, porque está mais cara."
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