quarta-feira, 28 de junho de 2017

Mais uma vez, tucanos adiam decisão sobre saída

Doria reconhece que situação é grave e teme pela economia

Maria Lima, Miguel Caballero, Fernanda Krakovics e Juliana Arreguy, O Globo

-BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO - Um dia depois da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer, o PSDB decidiu adiar ainda mais, para a segunda quinzena de agosto, uma decisão sobre sair ou permanecer no governo. A ordem na cúpula tucana é “deixar a espuma assentar” e jogar para depois da volta do recesso parlamentar qualquer discussão, não só sobre apoio ao governo, mas também sobre a autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar Temer e o afastamento do senador afastado Aécio Neves (MG) da presidência do partido.

O presidente interino do PSDB, Tasso Jereissatti (CE), passou o fim de semana em São Paulo, reunido com o presidente de honra do partido, Fernando Henrique Cardoso; com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com outros dirigentes tucanos. Ontem, Alckmin deu declarações defendendo a manutenção do apoio a Temer e que haja um posicionamento do partido em relação à votação da denúncia na Câmara.

— A ordem é deixar a poeira assentar. Um partido do tamanho do nosso, com as lideranças e capilaridade que tem, vai pipocar posição diferente para todo lado. Fernando Henrique fala uma coisa, Alckmin outra, os cabeças pretas outra, mas o importante é o acerto final, uma decisão coletiva que não provoque a divisão do partido — afirmou um dos integrantes da Executiva

O prefeito de São Paulo, João Doria, disse que a situação de Temer “se agravou”, mas considera que a decisão sobre ficar no governo cabe à Executiva Nacional.

— É uma decisão partidária, tem que ser tomada pela Executiva. Minha posição pessoal é de valorizar a Executiva do partido. Penso igual ao governador Alckmin, a ideia é proteger o Brasil, e não o governo Temer. Tem que ter ponderação e equilíbrio. O quadro se agravou, isso é uma realidade — disse Doria, que participou ontem do encontro “E Agora, Brasil?”, promovido pelo GLOBO com patrocínio da Confederação Nacional do Comércio e do Banco Modal.

ALCKMIN MINIMIZA DENÚNCIA
Em São Paulo, Alckmin minimizou o pedido de abertura de ação penal contra Temer, defendendo que o partido não saia, ao menos por ora, do governo.

— É preciso entender que denúncia não é condenação. Não podemos antecipar condenação. É grave. Há uma denúncia e precisa ser apurada — afirmou.

Outro ponto sobre o qual o PSDB precisará decidir é a eleição de um novo presidente, já que Aécio Neves está licenciado do cargo. A ideia mais forte é efetivar Tasso no comando.

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