Pré-candidato do PSDB ao Planalto, governador antecipa estratégia eleitoral para área e diz que pretende ‘puxar o debate’ sobre assunto
Adriana Ferraz Pedro Venceslau | O Estado de S. Paulo.
NOVA LIMA (MG) - Geraldo Alckmin (PSDB) deve usar a segurança pública como foco da campanha à Presidência. Ele tem a seu favor a queda nas taxas de homicídio em São Paulo. Por outro lado, seu governo viu aumentar crimes contra o patrimônio.
A intervenção anunciada pelo presidente Michel Temer na segurança do Rio levou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a eleger o tema como foco de sua campanha ao Planalto. A medida antecipou um discurso que já estava pronto para a eleição – que tentará convencer o eleitor de que o tucano é o presidenciável mais experiente na área e possui dados relevantes a mostrar.
A decisão de Temer também precipitou a produção de uma propaganda institucional do governo do Estado, que passou a ser veiculada no sábado.
“Eu vou puxar o debate da segurança pública. Esse é o problema no Brasil do Oiapoque ao Chuí. O combate ao crime é permanente”, disse ontem o tucano em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, durante palestra para empresários e políticos. O governador voltou a defender a criação de uma agência de inteligência para combater o tráfico de armas e de drogas nas fronteiras.
Com este discurso, Alckmin procura disputar com Temer e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), também pré-candidato, pelo protagonismo no tema da segurança pública.
Apesar de o Estado reunir bons resultados nas estatísticas de crimes violentos – como a redução da taxa de homicídios em São Paulo à menor do País –, os números dos chamados crimes contra o patrimônio se mantêm numa taxa elevada e os salários dos policiais militares estão entre os mais baixos do País (mais informações nesta página), o que revela uma realidade menos positiva do que a que o governo procura veicular.
Desde o ano passado, o tucano carrega com ele um quadro que compara as médias paulista e nacional referentes à taxa de assassinatos. Segundo a gestão Alckmin, ambas estavam na casa de 30 casos para cada grupo de 100 mil habitantes em 2003. Hoje, pelos dados do governo, o Estado registra 7,5 homicídios para cada 100 mil pessoas, enquanto o restante do País mantém o nível de 15 anos atrás.
O entorno do governador paulista justifica a campanha na TV e no rádio como uma necessidade para “tranquilizar” a população do Estado sobre a realidade “diferente do Rio”.
A bandeira é vista ainda como uma boa estratégia para projetar o nome do governador paulista no Nordeste, onde a escalada da violência transformou Sergipe, Rio Grande do Norte e Alagoas nos Estados mais perigosos do País, com taxas de homicídios entre 55 e 64 para cada 100 mil habitantes.
Diante da crise financeira pela qual passam praticamente todos os Estados e o governo federal, Alckmin estuda ampliar o poder dado hoje aos guardas municipais, responsáveis pela segurança do patrimônio das prefeituras, como parques e escolas. De acordo com o tucano, não só o governo federal deve ampliar sua participação na definição de políticas de segurança, mas também os municípios.
Alckmin não usa o termo “polícia municipal”, mas admite, caso eleito, dar poderes de polícia aos guardas – que podem fazer prisões em flagrante mas estão impedidos de participar de ações de patrulhamento ou investigação. O tema, porém, vai exigir um debate constitucional.
Prévias. Na terça-feira passada, Alckmin pediu o registro para as prévias do partido sobre o candidato a presidente, que não deve ocorrer com a desistência do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, da disputa interna.
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