domingo, 17 de julho de 2022

Eliane Cantanhêde - Não foi por um punhado de areia

O Estado de S. Paulo

Quem é bobo? Quem acredita que não houve motivação política no assassinato do petista Arruda?

Ao ouvir o discurso do presidente Jair Bolsonaro na promulgação da PEC da reeleição, na quinta-feira, fazendo loas às mulheres e aos nordestinos, uma moça simples, mas bem informada, comentou: “Ele acha que todo mundo é bobo? Que a gente acredita em qualquer coisa?” Mulher e nordestina, sim, mas não petista nem esquerdista, ela é apenas mais uma desencantada com tudo que está aí.

As mesmas perguntas valem para a conclusão meteórica de que o assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho não teve motivação política. Todo mundo é bobo? Quem acredita numa coisa dessas? A perplexidade foi geral, no mundo político e jurídico, inclusive pela gritante coincidência entre a narrativa dos advogados do assassino, a versão dos policiais do Paraná e o discurso do presidente Jair Bolsonaro, do vice Hamilton Mourão e do governo, de que foi crime comum.

Do início ao fim, a história é cristalina, confirmada em vídeos e por inúmeras testemunhas: o ódio, a intenção e a morte tiveram motivação política. O assassino estava num churrasco quando viu, por celular, imagens da festa de Marcelo Arruda, com camiseta e pôster do ex-presidente Lula. Nem sabia quem era, não tinha nenhuma pendência com ele, mas virou uma fera, remoendo o ódio, porque Arruda, como muitos milhões de brasileiros, era petista.

Guaranho pôs no carro a mulher e seu filho bebê e foi à festa para provocar, confrontar e, já nessa primeira ida, apontou a arma para o aniversariante ao ter o carro alvejado por um punhado de areia e avisou que voltaria, para “acabar com vocês”. Voltou e acabou com a vida de Marcelo Arruda. Em nenhum minuto algo contradiz a motivação política.

Como o assassinato não pode ser caracterizado como “crime político” pelo Código Penal, o que importa do ponto de vista jurídico é que o artigo 121 aumenta a pena para 12 a 30 anos de prisão em caso de “crime qualificado por motivo torpe”, já apontado pelo inquérito paranaense. O problema é outro: político e eleitoral.

A pressa para concluir o inquérito, focar as conclusões no depoimento da mulher do assassino e jogar para o alto qualquer prurido para descartar a óbvia motivação política deixam dúvidas e suspeitas incômodas sobre conveniências eleitorais no processo.

Algo cheira mal nessa história, quando o governo de plantão não se avexa em implodir a lei eleitoral, a responsabilidade fiscal, o teto de gastos, Coaf, Receita, Ibama, a Cultura e até a Polícia Federal e o apartidarismo das Forças Armadas por uma reeleição a qualquer custo: até das instituições, da confiança nas eleições e da própria democracia.

 

 

5 comentários:

Anônimo disse...

Está batendo desespero a vergonha você perdeu a muito tempo

Anônimo disse...

É , ainda por cima crime com predimen- t ação .!Só mesmo um besta4 brigaria por causa dessa íngua chamada Bolsonaro.

Anônimo disse...

Esse cara é uma maldição e vai levar uma surra até perder o rumo de casa

Anônimo disse...

Pe de palhaço, sorriso de palhaço cara de palhaço então só pode ser palhaço

ADEMAR AMANCIO disse...

Eu também gosto de chamar o Bozo de palhaço,mas é uma injustiça com a arte circense,o coiso é um ''palhaçote'' perigosíssimo.