O Globo
O general Paulo Sérgio Nogueira é
incansável. A cada semana, inventa uma nova forma de questionar o sistema
eleitoral. Na quinta-feira, ele surpreendeu pela ousadia. Propôs uma votação
paralela, em cédulas de papel, a pretexto de testar a segurança da urna
eletrônica.
O ministro da Defesa lançou o despautério
em audiência pública no Senado. Pelas companhias, parecia se sentir em casa. A
sessão foi presidida pelo bolsonarista Eduardo Girão, que se notabilizou por
fazer propaganda da cloroquina na CPI da Covid. O plenário foi tomado por
governistas associados à defesa do voto impresso.
Sem contraditório, o general falou o que quis. Definiu a própria atuação como “eminentemente técnica” e se declarou interessado em “fortalecer a democracia”, apesar do endosso à pregação golpista do chefe. Ele também disse adotar um “espírito colaborativo” em relação ao TSE, a despeito das tentativas de enquadrar e constranger ministros da Corte.
A nova proposta de Nogueira é um convite ao
tumulto. Basta que um eleitor minta, alegando que seu voto na urna não
corresponde ao do papel, para que o “teste de integridade” vire uma alavanca do
golpe. Encenada em três ou quatro seções eleitorais, a farsa se espalharia
rapidamente pelas redes. Seria a senha para um levante bolsonarista contra o
resultado da eleição — baderna que o capitão estimula desde que perdeu a
liderança nas pesquisas.
Os discursos da audiência pública
percorreram outros itens da cartilha golpista. Quatro parlamentares defenderam
a destituição de ministros do Supremo. O senador Girão esbravejou contra uma
suposta “ditadura da toga”. O ministro, que se diz legalista, não deu uma só
palavra em defesa do Judiciário. E chamou de “amigo” o deputado Filipe Barros,
investigado no inquérito que apura vazamento de dados sigilosos sobre as urnas.
No mês passado, Nogueira afirmou que as
Forças Armadas não se sentiam “devidamente prestigiadas” pelo TSE. Na quinta,
disse estar “muito chateado” com quem compreende suas ações como ameaças à
democracia. “O que a gente deseja neste momento é paz social”, discursou. Em
nome da paz, o general incita a tropa para a guerra.
Conclusão a jato
A polícia do Paraná mostrou pressa incomum
para concluir o inquérito sobre a morte do petista Marcelo Arruda. A julgar
pela fala da delegada Camila Cecconello, o assassino invadiu a festa por razões
políticas, sacou a arma por razões políticas, mas puxou o gatilho por razões
pessoais.
A polarização já era
Do professor Eugênio Bucci, em artigo no
Estadão: “Chega a ser estranho, desconcertante mesmo, que tanta gente fique aí
falando em polarização. A polarização já era; eclodiu antes de 2018 e depois
virou outro bicho. Embora seus resíduos subsistam, o que está hoje na nossa
cara não resulta mais de um debate polarizado, mas de uma fascistização
unilateral e desembestada. É com isso que estamos lidando agora”.
Um comentário:
Da um pe na bu..a dele ou um viagra.
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