DEU EM O GLOBO
No segundo trimestre deste ano, o total de operações de empresas estrangeiras comprando companhias brasileiras chegou a 56. Esse número é mais do que o dobro das 21 transações do mesmo tipo realizadas de janeiro a março, segundo a consultoria KPMG do Brasil. Também é o maior número desde 1994. O levantamento não leva em conta negócios bilionários fechados nas últimas semanas, como a compra de parte da Oi pela Portugal Telecom, o avanço da espanhola Telefónica na Vivo e a união da TAM com a chilena LAN, que pode ampliar ainda mais sua fatia no mercado brasileiro se a legislação mudar. "As empresas brasileiras estão se internacionalizando também. É a outra face do mesmo processo. É um jogo de mão dupla", avalia Antônio Corrêa de Lacerda, um especialista no tema.
Investida estrangeira no Brasil
Compra de empresas brasileiras por capital externo dobra no 2º trimestre
Ronaldo D"Ercole
O bom momento da economia brasileira despertou de vez o apetite de grupos estrangeiros por empresas nacionais. Pesquisa da KPMG do Brasil mostra que o número de aquisições de empresas brasileiras por estrangeiros mais do que dobrou no segundo trimestre, passando de 21 transações entre janeiro e março para 56 operações entre abril e junho - o maior número já registrado num segundo trimestre desde 1994, quando o levantamento começou a ser feito. Em todo o primeiro semestre, foram 77 negócios ao todo, um incremento de 64% em relação à 47 aquisições dos primeiros seis meses de 2009.
Transações como a entrada da Portugal Telecom na Oi, com a benção do BNDES e dos fundos de pensão, no final de julho, e a fusão da TAM com a LAN, anunciada semana passada e que resultará numa companhia de controle majoritário chileno, comprovam o ostensivo interesse pelo país.
- Fusões e aquisições são operações que precisam de cenários de certa estabilidade, pois exigem investimentos de longo prazo. Com a crise, a partir de 2008, houve um represamento de projeto. Agora, com a perspectiva muito boa para o Brasil, isso muda - diz Luís Motta, sócio da KPMG especialista em fusões e aquisições.
Americanos e chineses lideram
Em 2008, quando a crise se fazia sentir mais forte no hemisfério Norte, o executivo lembra que das 663 operações de fusão e aquisição registradas pela KPMG no país, 72% tinham compradores brasileiros. Depois os negócios encolheram. O segundo trimestre, segundo Motta, marca a volta dos estrangeiros ao país, com predomínio de americanos(27) e chineses (10) nas aquisições no primeiro semestre.
- Não existe uma desnacionalização e, relativamente, as coisas estão equilibradas, porque as empresas brasileiras estão também num ritmo forte de internacionalização - observa Motta, referindo-se às 38 aquisições feitas por brasileiros no exterior no período.
Luis Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), concorda e diz que o que há é um processo de internacionalização da economia brasileira. A maior concentração de estrangeiros, observa, se dá em setores em que a competição cada vez mais se dá em nível global:
- A competição internacional, em setores como o das telecomunicações, por exemplo, contempla e demanda por consolidação de empresas devido aos altos investimentos em tecnologia exigidos e à necessidade de escala.
Ex-presidente da Sobeet e professor da PUC de São Paulo, o economista Antônio Corrêa de Lacerda ressalta justamente a importância de o país definir estratégias para que a internacionalização de sua economia se dê de forma saudável. Corrêa cita o fato de que ter sócio estrangeiro implica na remessa de dólares para fora, que afeta as contas do país. Mas o principal desafio consiste em garantir que a operação brasileira participe dos projetos de desenvolvimento e inovação definidos pelas matrizes que aqui se instalam com as aquisições de empresas locais.
- A internacionalização traz desafios e o risco que corremos é ficar à margem das inovações, como meros fabricantes de produtos - diz Lacerda, que também rechaça a visão de um processo de desnacionalização no país.
- As empresas brasileiras estão se internacionalizando também. É a mesma face do mesmo processo. É um jogo de mão dupla.
No segundo trimestre deste ano, o total de operações de empresas estrangeiras comprando companhias brasileiras chegou a 56. Esse número é mais do que o dobro das 21 transações do mesmo tipo realizadas de janeiro a março, segundo a consultoria KPMG do Brasil. Também é o maior número desde 1994. O levantamento não leva em conta negócios bilionários fechados nas últimas semanas, como a compra de parte da Oi pela Portugal Telecom, o avanço da espanhola Telefónica na Vivo e a união da TAM com a chilena LAN, que pode ampliar ainda mais sua fatia no mercado brasileiro se a legislação mudar. "As empresas brasileiras estão se internacionalizando também. É a outra face do mesmo processo. É um jogo de mão dupla", avalia Antônio Corrêa de Lacerda, um especialista no tema.
Investida estrangeira no Brasil
Compra de empresas brasileiras por capital externo dobra no 2º trimestre
Ronaldo D"Ercole
O bom momento da economia brasileira despertou de vez o apetite de grupos estrangeiros por empresas nacionais. Pesquisa da KPMG do Brasil mostra que o número de aquisições de empresas brasileiras por estrangeiros mais do que dobrou no segundo trimestre, passando de 21 transações entre janeiro e março para 56 operações entre abril e junho - o maior número já registrado num segundo trimestre desde 1994, quando o levantamento começou a ser feito. Em todo o primeiro semestre, foram 77 negócios ao todo, um incremento de 64% em relação à 47 aquisições dos primeiros seis meses de 2009.
Transações como a entrada da Portugal Telecom na Oi, com a benção do BNDES e dos fundos de pensão, no final de julho, e a fusão da TAM com a LAN, anunciada semana passada e que resultará numa companhia de controle majoritário chileno, comprovam o ostensivo interesse pelo país.
- Fusões e aquisições são operações que precisam de cenários de certa estabilidade, pois exigem investimentos de longo prazo. Com a crise, a partir de 2008, houve um represamento de projeto. Agora, com a perspectiva muito boa para o Brasil, isso muda - diz Luís Motta, sócio da KPMG especialista em fusões e aquisições.
Americanos e chineses lideram
Em 2008, quando a crise se fazia sentir mais forte no hemisfério Norte, o executivo lembra que das 663 operações de fusão e aquisição registradas pela KPMG no país, 72% tinham compradores brasileiros. Depois os negócios encolheram. O segundo trimestre, segundo Motta, marca a volta dos estrangeiros ao país, com predomínio de americanos(27) e chineses (10) nas aquisições no primeiro semestre.
- Não existe uma desnacionalização e, relativamente, as coisas estão equilibradas, porque as empresas brasileiras estão também num ritmo forte de internacionalização - observa Motta, referindo-se às 38 aquisições feitas por brasileiros no exterior no período.
Luis Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), concorda e diz que o que há é um processo de internacionalização da economia brasileira. A maior concentração de estrangeiros, observa, se dá em setores em que a competição cada vez mais se dá em nível global:
- A competição internacional, em setores como o das telecomunicações, por exemplo, contempla e demanda por consolidação de empresas devido aos altos investimentos em tecnologia exigidos e à necessidade de escala.
Ex-presidente da Sobeet e professor da PUC de São Paulo, o economista Antônio Corrêa de Lacerda ressalta justamente a importância de o país definir estratégias para que a internacionalização de sua economia se dê de forma saudável. Corrêa cita o fato de que ter sócio estrangeiro implica na remessa de dólares para fora, que afeta as contas do país. Mas o principal desafio consiste em garantir que a operação brasileira participe dos projetos de desenvolvimento e inovação definidos pelas matrizes que aqui se instalam com as aquisições de empresas locais.
- A internacionalização traz desafios e o risco que corremos é ficar à margem das inovações, como meros fabricantes de produtos - diz Lacerda, que também rechaça a visão de um processo de desnacionalização no país.
- As empresas brasileiras estão se internacionalizando também. É a mesma face do mesmo processo. É um jogo de mão dupla.
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