quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Deputados do PMDB criticam Dilma e cobram cinco pastas para o partido

DEU EM O GLOBO

Parlamentares afirmam que Sérgio Côrtes na Saúde não os representará

Cristiane Jungblut, Gerson Camarotti e Maria Lima

BRASÍLIA. Com o partido dividido e insatisfeito com os rumos das negociações para a formação do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, a bancada do PMDB na Câmara dos Deputados decidiu acirrar o clima e pôs em prática uma estratégia agressiva para derrubar a indicação do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) - o secretário estadual Sérgio Côrtes - como ministro da Saúde.

Em reunião dos atuais e novos deputados do partido, ontem, o ex-governador de Minas Newton Cardozo, parlamentar eleito, e outros criticaram a condução de Dilma nas negociações e cobraram mais pastas para o PMDB. Querem cinco. Dilma oferece quatro. O deputado Antônio Palocci, futuro chefe da Casa Civil, passou o dia conversando com Temer e outros peemedebistas.

Os deputados decidiram fortalecer o vice-presidente eleito, Michel Temer, também presidente do partido, como interlocutor na transição, ao lado do líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN). A bancada aprovou uma moção, com 54 assinaturas, que credencia Alves como negociador dos nomes para os dois ministérios que os deputados poderão indicar: Agricultura e Cidades.

A cúpula peemedebista fez chegar à equipe de transição que a forma como foi conduzida a indicação de Côrtes atropelou o PMDB.

- A indicação do Côrtes foi muito estranha. Foi uma indicação do governador Cabral que não obedeceu à tramitação normal do partido. Ele não representa a Câmara nem o Senado - disse o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RJ).

- Foi precipitado o anúncio. Isso fez com que ele tenha dormido ministro e acordado sem o posto, pelo menos, se sua indicação depender do aval do PMDB - disse o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

No seu discurso para a bancada, Alves mandou um recado para o PT:

- Esse partido é governo. Mas no futuro pode ser e pode não ser. Está amadurecido, unido e coeso. É um partido que tem ciência de suas responsabilidades, mas é também consciente de seus direitos.

Depois da reunião da bancada, Temer reafirmou que a bancada quer "o que existe hoje". O início da reunião foi tenso. Newton Cardoso atacou Dilma e o PT.

- Durante a campanha a Dilma só faltou falar "uai". Depois de eleita, sumiu de Minas e tirou todos os nossos cinco ministros. Que ingratidão dessa mulher, meu Deus do céu?

O deputado e ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes (PR) reclamou da cúpula do PMDB:

- Em princípio não vejo transparência nesse processo. Um pequeno grupo está decidindo e cada líder tem sua cota pessoal. Mas ninguém foi referendado. Acredito que o (deputado) Eduardo Cunha está criando dificuldades para o Temer, como o próprio Moreira Franco. Estão articulando em nome deles mesmos.

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