sexta-feira, 9 de março de 2012

Governo reconhece 'momento tenso' na base

Ministro Gilberto Carvalho pede calma; Dilma se reúne com Temer e pede ajuda para conter insatisfações do PMDB

Gerson Camarotti, Catarina Alencastro

BRASÍLIA. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reconheceu ontem pela manhã que a relação entre o governo e a base aliada vive um "momento tenso", mas que é preciso calma para intermediar as relações entre o governo e os políticos da base aliada.

Ontem, a própria presidente Dilma Rousseff procurou ontem o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, para pedir ajuda para recompor a base. Segundo relato de interlocutores, a iniciativa partiu da própria Dilma.

Numa conversa direta, Temer alertou que a base aliada estava muito insatisfeita. Confirmou ainda que o PMDB também estava incomodado com a relação com o governo. Tanto, que para reforçar os seus argumentos, ele chegou a apresentar para a presidente o manifesto assinado pela bancada peemedebista na Câmara, que classifica de "injusto" e "desigual" o tratamento recebido pelo governo.

Entre os focos de insatisfação do PMDB, Temer relatou que os integrantes do partido reclamam que não tem autonomia para administrar os seus próprios ministérios. Foi uma referência indireta ao controle direto do Palácio do Planalto, que indicou os secretários-executivos das pastas comandadas pelo partido. Depois, Temer teve encontros reservados com senadores peemedebistas, inclusive o líder da bancada, Renan Calheiros (AL).

Segundo interlocutores diretos, a presidente Dilma Rousseff recebeu com "perplexidade" a votação no Senado, com a rejeição do nome de Bernardo Figueiredo na quarta-feira. Mas ontem, o Planalto decidiu adotar um tom pragmático: o de que a derrota serviu como um sinal amarelo para as relações com a base aliada. Para minimizar o episódio, um auxiliar chegou a lembrar ontem que, nas coisas fundamentais, a base tem votado com o governo. E que, portanto, o governo precisava agir com frieza neste episódio.

Diante da gravidade do episódio, a ordem palaciana ontem era de não retaliar os aliados. Mas o governo não vai abrir a torneira. Segundo um assessor, nada será feito de imediato para contornar a situação. Essa fonte lembrou que no dia anterior, Dilma já tinha iniciado começado analisar a liberação e emendas e restos a pagar. Mesmo assim, Dilma deve colocar em prática a estratégia de conversar com as bancadas e fazer mais política. Inclusive, com encontros individuais com senadores.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), tentou minimizar o episódio e disse que não há crise na base aliada, ao comentar a derrota do governo na votação no Senado sobre a ANTT. Para ele, não há governo que não perca votações.

- O Senado é o Senado. Tenho dito que a base está bem, com fidelidade em votações na Câmara. Não acho que haja uma crise na base. Foi só uma votação em que o governo perdeu. Não conheço governo que tenha ganho todas, nem na ditadura -- disse ele.

FONTE: O GLOBO

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