Diversos setores da sociedade saíram às ruas em protesto contra a alta dos preços,
corrupção e restrição ao dólar; apagão aumentou irritação
Ariel Palacios
BUENOS AIRES - Centenas de milhares de argentinos em todo o país foram às
ruas ontem à noite para realizar o maior panelaço dos últimos anos contra o
governo da presidente Cristina Kirchner. Os manifestantes carregavam cartazes
com os dizeres "liberdade", "imprensa livre",
"respeito", "não à corrupção" e criticavam a política de
confronto da presidente argentina.
Os manifestantes que não foram às ruas optaram por fazer os panelaços nas
portas ou janelas de suas casas. O governo Kirchner tentou relativizar o peso
do protesto e afirmou que não passava de um manifestação "paga pela
ultradireita". Além disso, ampliou a segurança ao redor da Casa Rosada e
da residência presidencial, diante da qual mais de 15 mil pessoas bateram
panelas. O Obelisco, monumento símbolo de Buenos Aires, foi o principal ponto
da manifestação. Milhares de pessoas marcharam pelas principais avenidas da
capital para concentrar-se ali.
Dezenas de milhares de pessoas também se acotovelaram nas principais praças
de Córdoba e Rosário, respectivamente, a segunda e a terceira cidades do país.
Panelaços também ocorreram em Bariloche e Mendoza.
Os manifestantes contavam com um amplo leque de reclamações, que iam desde a
escalada inflacionária, passando pelos escândalos de corrupção do governo
Kirchner, até as restrições impostas pela presidente Cristina contra o dólar,
moeda que foi o refúgio financeiro preferido dos argentinos nas últimas quatro
décadas. A irritação popular aumentou na quarta-feira quando um mega-apagão
afetou 3 milhões de pessoas em Buenos Aires e nos municípios da Grande Buenos
Aires, provocando o colapso no trânsito da cidade.
O panelaço, convocado há várias semanas nas redes sociais, não teve uma
liderança específica. Os partidos de oposição declararam simpatia pelos
manifestantes, mas optaram por não participar ativamente dos protestos.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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