Nos últimos meses, Palácio nomeou 14 ex-deputados e ex-prefeitos para cargos de confiança, ao custo de R$ 76 mil/mês. Estado alega experiência dos convidados
Carolina Albuquerque
Defensor de uma gestão moderna, que valoriza a meritocracia no lugar da indicação política, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não para de nomear ex-prefeitos e ex-deputados para cargos de confiança no governo do Estado. Nesses últimos meses, uma leva de ex-gestores municipais, que ficaram sem mandato no início deste ano, estão ocupando cargos estratégicos e de "alta patente". Só para citar os mais recentes, atenderam ao chamado do governador Adelmo Moura (Itapetim), Lula Cabral (Cabo de Santo Agostinho), Alberico Messias (Iguaraci) e Yves Ribeiro (Paulista). O "gabinete político" do governador reúne, segundo levantamento do JC, pelo menos outros sete ex-prefeitos e três ex-deputados (veja quadro).
A grande maioria deles ocupa o segundo e o terceiro escalão do governo do Estado e está lotada em secretarias como a da Casa Civil, de Cidades e o Gabinete do governador. Outros assumiram funções estratégicas. O ex-prefeito de São José do Belmonte Rogério Leão (PR), por exemplo, é o novo diretor do Porto do Recife e Lula Cabral (PSC), que fez o seu sucessor nas eleições passadas no Cabo de Santo Agostinho - o prefeito Vado da Farmácia (PSB) - está à frente da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe). Ao todo, o governo possui 3.553 cargos em comissão, o maior patamar até então já alcançado na máquina pública estadual. De acordo com informação disponível no Portal da Transparência, as remunerações entre os 14 políticos comissionados variam de R$ 4.648,10, para a função de assessor especial do governador, a R$ 9.966,62 para ser secretário-executivo. O peso mensal à folha salarial dessa assessoria política gira em torno de R$ 76 mil por mês.
Depois de deixar a Prefeitura de Itapetim, Adelmo Moura aceitou prontamente a missão proposta pelo governador à frente de uma gerência regional dentro da Casa Civil. "Fui chamado pelo próprio governador. Farei a articulação com os prefeitos, vereadores e associações na região do Pajeú, com 17 cidades. Serei o elo da Casa Civil. Assim como Yves Ribeiro vai cuidar da Região Metropolitana", explicou ele, nomeado no último 11 de junho. Sobre a nova função, como secretário-executivo na mesma pasta, Yves ressalta a sua "bagagem" à frente de três prefeituras. "Graças a Deus, já tenho experiência. Já fui diretor da coordenação dos municípios. Farei agora articulação com os prefeitos, presidentes de câmaras, talvez atinja também a região da Zona da Mata", explica.
Procurado pelo JC por meio de sua assessoria de imprensa, o secretário da Casa Civil Tadeu Alencar preferiu se pronunciar por nota. "Gostaria de destacar que as pessoas que foram convidadas a integrar o governo do Estado são gestores com larga experiência na vida pública, em suas áreas profissionais de atuação, e que poderão contribuir com o Estado pelo acúmulo de conhecimento adquirido, seja na área política como técnica", justificou, no texto.
Prazo de validade vai até 2014
Sem-mandatos abrigados no governo estadual já articulam nos bastidores suas candidaturas para às próximas eleições
Obedecendo à lógica da acomodação política, é curto o tempo de espera na "planície" tão logo os gestores deixem o comando das prefeituras e mandatos políticos. Passam a ocupar cargos de confiança no governo estadual, mas não ficam por muito tempo. A "validade" de alguns deles termina em junho de 2014, quando começa a corrida eleitoral por vagas na Câmara Federal e no Senado. Pelo menos quatro desses ex-prefeitos têm suas candidaturas cogitadas e em processo de articulação nos bastidores.
O ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (PSC), também presidente estadual da sigla, está semeando a sua candidatura a deputado federal, percorrendo o Estado para montar seu palanque. Já declarou que colocará o partido a serviço de uma possível candidatura do governador Eduardo Campos (PSB) a presidente da República em 2014. Ocupa, por enquanto, a diretoria da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe). Depois de 20 anos seguidos sentado na cadeira de prefeito em três municípios diferentes, Yves Ribeiro avalia sua candidatura também à Câmara federal. "Estou pensando ainda, minha afinidade é prefeitura. Tem que pensar legislatura. Muita gente fala sobre minha candidatura, mas não tenho definição", pondera.
O secretário-executivo de Cidades e ex-prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota (PSB), deverá tentar uma vaga na Assembleia Legislativa. A sua candidatura a deputado estadual dependerá dos movimentos do prefeito de Afogados da Ingazeira e presidente da Associação Municipalistas de Pernambuco (Amupe), José Patriota (PSB), também um potencial candidato, com boa influência na região do Pajeú. Outro que já veio com "data de validade" é Rogério Leão, ex-prefeito de São José do Belmonte, que hoje está à frente do Porto do Recife. O engenheiro e administrador de empresas já é cogitado para deputado estadual em 2014.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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