- O Tempo (MG)
O embate das últimas semanas tem se concentrado em torno das denúncias e da instalação de uma CPI sobre a Petrobras. A princípio, fica a impressão de que é simplesmente mais uma luta conjuntural entre governo e oposição, envolvendo picuinhas e interesses eleitorais. Mas não.
A Petrobras é a maior empresa brasileira. Estatal, mas com capital aberto e ações em bolsa.
Atuando num setor estratégico, como o energético. Como é possível achar normal que essa mesma empresa, que atua em condições de mercado extremamente favoráveis, durante o governo de Dilma Rousseff, tenha perdido metade de seu valor, triplicado seu endividamento e visto sua produção cair nos últimos dois anos? A propalada autossuficiência não veio, e os resultados do presidencialismo de cooptação, que loteia a máquina e distribui cargos em busca de uma governabilidade de baixa qualidade, começam a ficar claros aos olhos da opinião pública.
Para agravar os péssimos resultados da maior empresa brasileira, fruto de gestão temerária e incompetente, uma verdadeira tempestade de denúncias sobre desvios e corrupção assola a Petrobras. A compra da refinaria de Pasadena, no Texas, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e as relações incestuosas com uma fornecedora holandesa parecem ser apenas a ponta do iceberg de um padrão político e gerencial agressivo aos interesses nacionais.
A Petrobras é um ícone, marco da industrialização brasileira, fruto de ampla campanha de mobilização social que teve como lema “O petróleo é nosso”. No governo do PSDB, uma medida corajosa do presidente Fernando Henrique resultou na quebra do monopólio estatal na exploração do petróleo brasileiro. Nada a ver com um suposto neoliberalismo, mas com a necessidade de aumento dos investimentos e da produção e de se estabelecer parâmetros de eficiência e competitividade.
A quebra do monopólio estatal e as concessões feitas resultaram no aumento da produção em mais de 10% ao ano, na atração de capitais privados e no aumento da eficiência setorial. Foi esse movimento que possibilitou a descoberta do pré-sal. O governo Lula, no qual Dilma tinha uma presença marcante, particularmente nas questões energéticas, promoveu a mudança para o regime de partilha, um dos maiores erros da história da política econômica no Brasil, iludiu a população com a festa da autossuficiência, obrigou a Petrobras a investir 30% em cada poço descoberto e a comprar de forma ineficiente seus equipamentos. Não bastasse isso, comprimiu artificialmente os preços do diesel e da gasolina, apertando seu caixa, impulsionando o endividamento e alimentando as desconfianças do mercado.
A Petrobras talvez seja o maior exemplo vivo e acabado do modelo de gestão ineficiente e superado do governo Dilma e do PT que, partindo de um intervencionismo atabalhoado, ergue um monumento à ineficiência, ao patrimonialismo e à incompetência.
Ao Congresso Nacional não resta alternativa: CPI já, sem dispersão de foco!
Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais
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