Beatriz Bulla, Daiene Cardoso e Daniel Carvalho – O Estado de S. Paulo
Para deputados e senadores da oposição, a presidente Dilma Rousseff tentou "terceirizar" a responsabilidade pelas crises hídrica, econômica e política do País e evitou se alongar no tema corrupção no pronunciamento que fez em rede nacional de rádio e televisão na noite de ontem.
"Mais uma vez, ela terceirizou a responsabilidade pela crise. A presidente perdeu a oportunidade de falar a verdade para o povo. Optou, mais uma vez, pelo discurso de enganação. Não soube aproveitar para restaurar minimamente a credibilidade do governo", afirmou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
Roberto Freire, presidente nacional do PPS, criticou o fato de a presidente ter culpado o cenário internacional pelos problemas econômicos do País. "Ela diz que tudo é fruto de uma crise internacional que só ela vê, como se todos fôssemos completos idiotas", criticou o deputado.
Freire disse ainda que a presidente tem tomado uma série de medidas que vão de encontro ao prometido durante a campanha eleitoral. "Basta recordar a campanha, quando ela prometia uma série de benefícios, que não ia mexer em direitos de trabalhadores, depois o que se viu foi exatamente o contrário", disse Freire.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), criticou a insistência da presidente em não assumir a culpa pela crise econômica no País. "Ela não perde a mania de tentar transferir as responsabilidades. Depois de FHC, ela culpa São Pedro", comentou o tucano se referindo ao discurso da influência da crise internacional no cenário econômico brasileiro e a crise hídrica.
Para Cunha Lima, o pronunciamento foi genérico e deixa claro que a população terá de tomar "o remédio amargo" contra a crise fiscal proporcionado pelo governo petista.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), criticou o pronunciamento da presidente em nota e por redes sociais.
"Dilma não tem humildade de estadista para reconhecer erros. Quer induzir população a imaginar que tudo é temporário", afirmou o senador. Caiado classificou o momento do País como "um dos mais críticos do Brasil" e disse que Dilma "mente e deturpa a realidade, a exemplo do que fez em sua campanha".
Os oposicionistas criticaram Dilma por ter dedicado pouco tempo dos 16 minutos de discurso ao esquema de corrupção na Petrobras.
"É um tema que ela não tem como enfrentar de maneira direta", disse Cunha Lima. "Ela dedicou duas frases para justificar a ação da Justiça como se fosse crédito do seu governo", disse Mendonça Filho.
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