Grupo
de senadores busca tumultuar investigação mentindo sobre medicina
O
Brasil deve atingir meio milhão de mortos
por Covid-19 em junho. Supondo que nenhuma grande medida de isolamento
social seja adotada de agora em diante, e mantendo-se o ritmo lento da
vacinação, é praticamente certo que ultrapassaremos 600 mil mortos nos próximos
meses.
Se
os casos subnotificados forem 30% dos notificados, como
estimou a organização Vital Strategies, é razoavelmente provável que
terminemos o ano com um milhão de mortos (entre notificados e subnotificados),
sem contar as pessoas que morreram de outras doenças, por falta de hospital
etc.
Na estimativa do Institute for Health Metrics and Evaluation,
da Universidade de Washington, se contarmos tudo isso já estamos com quase 600
mil mortos agora.
Se houver uma terceira onda de inverno agora que tudo reabriu, é perfeitamente possível que cheguemos ao milhão de mortos notificados antes do fim da pandemia.
Já
não é impossível que o pessoal do Imperial
College, no final das contas, tenha errado para menos.
Enquanto
era possível evitar esse assassinato em massa, as elites brasileiras tinham
outras preocupações, como as reformas econômicas, o acordão e o trauma que um
impeachment obviamente necessário causaria tão pouco tempo depois de um
impeachment sem qualquer justificativa.
Resta-nos,
ao menos, torcer para que a CPI
da pandemia faça seu trabalho e mande o presidente da República para a
cadeia.
As primeiras
sessões da CPI da Covid foram razoáveis. O número de crimes de Bolsonaro
denunciados por Mandetta e Teich é suficiente para prender Bolsonaro e seus
cúmplices diretos. Já Queiroga provou
estar mesmo só a duas letras de distância de Fabrício Queiroz.
Falando
em Queiroz, se no Rio de Janeiro Bolsonaro era amigo do chefe da milícia
“Escritório do Crime”, na CPI é defendido pelo que podemos chamar de
“Consultório do Crime”, um grupo de senadores que buscam tumultuar a
investigação mentindo sobre medicina. Seus principais representantes são
Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luiz Carlos Heinze (PP-RS).
Girão
e Heinze mentem sobre a eficácia da cloroquina, mas o curandeirismo presidencial
não é o principal crime que tentam acobertar.
Bolsonaro
usou a cloroquina como artifício para minimizar os riscos da pandemia
e mandar o povo brasileiro morrer na rua.
A
cloroquina não é só um remédio ruim, é o remédio ruim que Bolsonaro ofereceu ao
Brasil no lugar de isolamento social e vacina. Por isso morreu tanta gente.
Os
fatos gritam: Bolsonaro causou uma proporção enorme das mortes brasileiras na
pandemia, que, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, por exemplo,
aconteceram em sua maioria depois da descoberta da vacina.
Desafio
Heinze, Girão, Osmar Terra ou qualquer outro cúmplice de Bolsonaro a me mostrar
um estudo em que Bolsonaro seja responsável por menos do que 100 mil mortes até
o fim da pandemia.
Essa
estimativa camarada e favorável a Bolsonaro já lhe torna culpado de mais
assassinatos do que os
cometidos por todos os assassinos brasileiros em 2019 (41.730) somados
aos cometidos por todos os assassinos brasileiros em 2020 (43.892).
Se os bolsonaristas defendem as execuções no Jacarezinho (no Rio de Janeiro) porque alguns dos mortos eram suspeitos de crimes, o que defendem que se faça com o assassino de, na estimativa mais camarada, cem mil brasileiros? Eu só peço cadeia. E cadeia eu exijo.
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