Vinicius Sassine
BRASÍLIA O fim da ação penal número 470, no plenário do Supremo Tribunal
Federal (STF), significará a conclusão de apenas uma etapa do julgamento do
mensalão. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que
pretende destravar outras frentes de investigação após o veredicto sobre os
réus julgados pelos ministros do STF. O término do julgamento está previsto
para o fim de outubro.
- Do contexto da ação penal 470 surgiram diversas outras ações, em São Paulo,
Minas Gerais e algumas coisas na Procuradoria-Geral da República. Assim que
terminar esse julgamento, haverá um esforço para dar andamento a essas ações -
disse Gurgel ao GLOBO, no intervalo da sessão plenária no Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP).
A denúncia central do mensalão resultou em outro inquérito que tramita no
próprio Supremo. O procedimento tem o número 2.474 e corre em segredo de
Justiça. Com 77 volumes, está na fase de investigação policial e ainda não
resultou em denúncia por parte do procurador-geral. O inquérito é um
desdobramento da ação penal 470, e foi aberto para apurar novos sacadores de
dinheiro das empresas de Marcos Valério, considerado o operador do mensalão.
O procedimento já tem cinco anos. Foi instaurado em 2007, a partir de cópia
integral do inquérito que resultou na ação penal em julgamento no STF. Além dos
novos saques nas contas de Valério, o inquérito 2.474 investiga supostas
irregularidades em convênio entre o Banco BMG e o Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), com a participação da Empresa de Tecnologia e Informações da
Previdência (Dataprev), para a "operacionalização de crédito consignado a
beneficiários e pensionistas".
As mesmas suspeitas levaram o Ministério Público Federal em Brasília a acionar
na Justiça Federal, por improbidade administrativa, o ex-presidente Lula.
Segundo a denúncia do MP, de 2011, Lula favoreceu o BMG e buscou a
"autopromoção" quando enviou cartas a aposentados e pensionistas oferecendo
crédito consignado. O ex-ministro da Previdência Amir Lando também é réu no
processo.
Reportagem publicada pelo GLOBO no último dia 15 mostrou que a denúncia
principal do mensalão resultou em mais 45 processos que tramitam no próprio STF
(como é o caso do inquérito nº 2.474), na Justiça Federal no DF e em quatro
estados - Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo - e no
Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo. São mais 80 réus,
que ficaram fora da denúncia formulada pela PGR e que passaram a ser
investigados pelo MP em outras instâncias. Somados os 38 acusados que começaram
a ser julgados pelo STF em agosto, o mensalão tem 118 réus país afora, como
mostrou a reportagem.
Fonte: O Globo
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