Dilma continua favorita e ganharia no primeiro turno se a eleição fosse hoje, mas tudo indica que não será um passeio.
No Datafolha, ela sofreu uma queda expressiva nos índices de popularidade e de intenção de votos --neste caso, 51% não são nenhuma garantia prévia de vitória no primeiro turno.
Ao contrário, as quedas de oito e de sete pontos, respectivamente, sugerem que a eleição caminha para um segundo turno. Até lá, Aécio e Eduardo Campos serão reconhecidos como candidatos e Marina terá um partido de verdade. Com Dilma favorita, as baterias se voltarão contra ela.
O Datafolha mostra que promessas de imenso apelo popular e pronunciamentos lindamente executados em rede nacional não se traduzem em votos assim tão automaticamente. O efeito depende de as promessas e os pronunciamentos se transformarem em realidade e estarem em sintonia com a economia.
Palavras são palavras. Renda, preços, juros, crescimento e confiança são bem mais concretos.
Dilma fez muita propaganda da queda dos juros, uma velha e insistente aspiração, sobretudo de setores produtivos. Deu no que deu: os juros baixaram, mas voltaram a subir e estão com tendência de alta, sem que nada indique um recuo tão cedo.
Dilma também fez, e faz, propaganda da fama de boa gerente, mas a economia nunca parece funcionar devidamente e a sua mal disfarçada simpatia pela máxima de que um pouco de inflação faz bem ao crescimento está lhe custando caro.
A dona de casa sentiu o aumento dos preços na feira e no supermercado e nem por isso o PIB mostrou vigor. Aliás, as previsões deste ano não param de ser revistas para baixo.
Há tempo mais do que suficiente para Dilma acertar o passo tanto na economia quanto na política, mas os lulistas estão assanhados, Marina ataca por baixo --o eleitor mais escolarizado-- e Aécio e Campos miram em cima --a insegurança dos aliados do PT. Muita água ainda vai rolar.
Fonte: Folha de S. Paulo
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