terça-feira, 27 de maio de 2014

Aliança não resolve entraves

• PP confirma hoje apoio à campanha de reeleição de Dilma Rousseff, que tenta atrair outros partidos, como o PR e o Pros. Nos estados, entretanto, essas legendas resistem em aderir à campanha da petista

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

Ao acertar em almoço hoje o apoio do PP à campanha presidencial, a presidente Dilma Rousseff amplia o tempo de televisão a que terá direto nas eleições de outubro em comparação aos principais adversários — Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) —, mas os problemas regionais estão longe de serem contornados. Pelos cálculos do Correio, Dilma teria, hoje, aproximadamente 22 minutos e 12 segundos na propaganda eleitoral partidária, divididos pelos dois blocos diários de inserção a que os candidatos têm direito. Aécio Neves aparece em seguida, com quase 8 minutos, e Eduardo Campos em terceiro, com 4 minutos.

Apesar da aliança nacional com o PT, em vários estados, pepistas e petebistas apoiarão outros presidenciáveis. No caso do PP, as seções gaúcha, mineira e fluminense da legenda estarão com Aécio Neves. No último sábado, o senador tucano estava no pré-lançamento da candidatura da senadora Ana Amélia (PP-RS) ao governo gaúcho. "Eu quero saber se poderei apresentar Aécio na minha propaganda eleitoral", questiona Ana Amélia. No caso do PTB, os problemas também ocorrem em São Paulo e em Minas Gerais, e a sigla espera resolver todas as pendências na convenção nacional.

O levantamento dos minutos na tevê leva em consideração as legendas que já declararam apoio formal ou informal aos presidenciáveis. O tempo de Dilma ainda poderá aumentar, pois três partidos que demostram interesse em dar suporte à petista ainda não sacramentaram essa decisão: PDT, Pros e PR. O presidente do PDT, Carlos Lupi, tem conversado tanto com Dilma quanto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, após a sigla ter recuperado o Ministério do Trabalho, não deve ter empecilhos para sacramentar a parceria.

Incertezas
Mas há maiores dificuldade no PR e no Pros. A exemplo do PDT, o PR também foi vítima da faxina presidencial no primeiro ano do governo Dilma, mas recuperou o Ministério dos Transportes. Entusiasta da aliança com o Planalto, o presidente nacional do partido, senador Alfredo Nascimento (AM), enfrenta a resistência de parte da bancada republicana, sobretudo dos deputados, ainda influenciados por Valdemar Costa Neto, preso devido ao envolvimento com o mensalão. Eles, inclusive, defenderam, há três semanas, o "volta, Lula".

O Pros foi criado para ser governo e tem como principais líderes os irmãos Cid e Ciro Gomes, mas o presidente nacional da legenda, Eurípedes Júnior, tem pressionado para que o Planalto substitua Francisco Teixeira (ligado aos Gomes) no Ministério da Integração Nacional. Os políticos cearenses também estão incomodados com a indefinição na disputa pelo governo do Ceará. Por essas razões, o futuro do Pros na aliança ainda é incerto.

Para o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), o tempo de propaganda partidária de Dilma servirá para o governo expor todas as realizações — e atrair novos aliados. "Se analisarmos os números do Plano Safra Agricultura e Pecuária e o destinado aos pequenos agricultores, veremos que o governo tem muito o que mostrar", declarou Raupp.

Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), acredita que a população esteja vacinada contra a propaganda oficial. "A população percebe que o atual governo tem distribuído benesses e dinheiro público para conseguir apoio. Vamos nos concentrar no conteúdo, e não na quantidade de tempo disponível", afirmou.

O PSB, por sua vez, aposta na mídia espontânea decorrente da cobertura igualitária durante a campanha e nas redes sociais para reverberar o discurso de campanha. "Além disso, a população está cansada da velha política e verá que temos uma aliança coerente e programática", acrescentou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

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